Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Depois da tempestade, lojistas debatem o futuro em Sauípe
O presidente da Câmara de Comércio Lojista (CDL) de Salvador, Antoine Tawil, diz que na Bahia, foram mais de 30 mil demitidos só no setor de bens e serviços
Frase da vez
“O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”
Vidal Sassoon, cabelereiro inglês de muito sucesso nos EUA (1928-2012)
O comércio lojista, a ponta da cadeia econômica, sofreu pesado com a crise econômica. Lojas fecharam aos montes, os sobreviventes baixaram preços, flexibilizaram negociações com endividados, reduziram suas estruturas e rezaram muito para Irmã Dulce, oxalá, xangô, santos e orixás para que pudessem dar uma mão.
Até o primeiro semestre deste ano, a barra pesou. Diz Antoine Tawil, presidente da Câmara de Comércio Lojista (CDL) de Salvador, que na Bahia, foram mais de 30 mil demitidos só no setor de bens e serviços, segundo dados da SEI, 60% do montante só em Salvador. No Brasil, 100 mil lojas fechadas.
É na expectativa de que o cenário devastador estancou, que os lojistas de todo o país estão reunidos em Costa do Sauípe, na 54ª Convenção Nacional do Comércio Lojista, com a intenção de planejar o futuro, divididos entre a esperança e o otimismo.
A esperança por acharem que dias melhores virão. E o otimismo, porque pior do que está, não dá para ficar. O senso comum dita que, se não se chegou ao fundo do poço, ficamos bem perto.
Tawil lembra que mão de obra é um dos maiores insumos do varejo e representa o maior percentual de despesas.
— Demissões não são boas para ninguém: gera um problema social, perde-se todo o investimento em capacitação do funcionário, provoca elevados desembolsos para a quitação das obrigações trabalhistas e, pior de tudo, retira consumidores do mercado, retroalimentando a crise.
Os indícios de reação ainda são tímidos e lentos. Mas eles acham que, no atacado, o pior já passou.
Esperando Temer
Diz Tawil que o governo Temer está aí e o que se espera dele não é muito diferente de bandeiras que já defende há algum tempo:
— Uma profunda reforma previdenciária, tributária e das leis trabalhistas, desburocratização e desoneração do crédito (juros mais baixos), principalmente para o comércio que, diferentemente da indústria, não conta com isenções, nem com os incentivos da agricultura, lançamento do Refis (programa de parcelamento de débitos) nos níveis municipal, estadual e federal.
Esperando Rui
Na Bahia, também há uma pauta, como a alteração na data de recolhimento do ICMS e a suspensão da cobrança de 10% de antecipação sobre produtos adquiridos em outros estados para as empresas do Simples.
Esperando Neto
E tem mais, também as demandas da capital. Tawil lembra que o valor venal dos imóveis foi levantado há três anos, quando o mercado estava em alta, e que poderíamos ter uma reavaliação da base de cálculo do IPTU em Salvador para a realidade atual.
Neto e as pesquisas
A pesquisa do Instituto Paraná/Record sobre a disputa em Salvador, anteontem divulgada, revelou um detalhe: é a primeira, uma semana depois que a propaganda eleitoral no rádio e na tevê começou, e nada mudou.
ACM Neto tem vantagens extras, além da administração bem avaliada. Está no mandato, o que dá vantagem bastante expressiva a ele e aos prefeitos em situação similar, numa campanha em que não há financiamento privado, o dinheiro é curto. E também é curta a duração, outra vantagem imensa para quem já é bem conhecido , como é o caso.
A contar de hoje, faltam exatamente 30 dias para as eleições. A tendência era que Neto perdesse um pouco da gordura, mas o cenário suscita a pergunta: e dá tempo?
Na cara
Fora disso, é um jogo sem graça. Tal e qual o julgamento de Dilma, o resultado é como diz a música “Mora na filosofia”, de Monsueto Menezes e Arnaldo Passos, bem cantada por Caetano Veloso: “Não vou me preocupar em ver. Seu caso não é de ver pra crer, tá na cara”.
Gastro para carro
Um conhecido empresário da comunicação foi abastecer o carro no Posto Shell do início da Manoel Dias, na Pituba, e saiu de lá com uma chateação, um problema e uma surpresa.
A chateação: pagou a gasolina a R$ 4,05. O problema: após chegar ao trabalho, constatou que a pintura perolizada estava manchada. Não houve jeito, voltou lá e levou o orçamento feito por uma oficina.
O atendente pediu para verificar as câmeras e deu o diagnóstico:
— Problema do carro: ele está com refluxo.
A surpresa: se levasse a sério, teria que levar o carro para um gastroenterologista.
Os grandes do PT
A deputada federal Moema Gramacho, em Lauro de Freitas, o estadual José Raimundo, em Vitória da Conquista, e Carlinhos Brasileiro, em Senhor do Bonfim, são as grandes apostas petistas nos municípios baianos de maior porte para as eleições deste ano.
O deputado Luiz Caetano, em Camaçari, também é contabilizado, mas lá, o vereador Antônio Elinaldo (DEM) lidera todas as pesquisas.
Em miúdos: Camaçari fica no talvez.
Dias de medo
Funcionários da empresa Gráfica da Bahia (EGBA), a gráfica que imprime o Diário Oficial do Estado, vivem dias de medo.
Tem 400 no quadro, dos quais 20, que estavam aposentados, foram mandados embora. Mas circula que a meta de demissões pode atingir 82.
Arerê em Milagres
Mais uma embolada eleitoral para a justiça decidir. Em Milagres, região de Amargosa, Cézar de Adério (PP) e Marcos Queiroz (PMDB) se lançaram candidatos a prefeito. Depois de tudo carimbado nas respectivas convenções, resolveram se unir, saindo prefeito e vice respectivamente.
A adversária Rosimeire Andrade, a Rosa (PSD), quer impugnar a dupla. Diz que eles fizeram tal movimento fora do prazo.
Em Milagres, tem o prefeito Raimundo Silva, o Galego, que tinha o direito à reeleição, mas resolveu ficar de fora.
Arerê em Morro do Chapéu
João Humberto Batista, o Beto (PSL), principal adversário de Leo Dourado (PR) e inimigo ostensivo do deputado José Carlos Araújo, sofreu um revés. O juiz João Celso Targino Filho indeferiu a candidatura dele pelas contas rejeitadas de 2011. Lá, a disputa é fervilhante.
O caso é emblemático. Beto era presidente da Câmara, e a justiça entende que a decisão do STF que deu às Câmaras a palavra final sobre contas de prefeitos, não cabe no caso, porque Câmaras não podem julgar as contas delas próprias.
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