Publicado em 02/09/2016 às 09h07.

Depois da tempestade, lojistas debatem o futuro em Sauípe

O presidente da Câmara de Comércio Lojista (CDL) de Salvador, Antoine Tawil, diz que na Bahia, foram mais de 30 mil demitidos só no setor de bens e serviços

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”

 Vidal Sassoon, cabelereiro inglês de muito sucesso nos EUA (1928-2012)

(Foto: Reprodução/CDL Salvador).
(Foto: Reprodução/CDL Salvador).

 

O comércio lojista, a ponta da cadeia econômica, sofreu pesado com a crise econômica. Lojas fecharam aos montes, os sobreviventes baixaram preços, flexibilizaram negociações com endividados, reduziram suas estruturas e rezaram muito para Irmã Dulce, oxalá, xangô, santos e orixás para que pudessem dar uma mão.

Até o primeiro semestre deste ano, a barra pesou. Diz Antoine Tawil, presidente da Câmara de Comércio Lojista (CDL) de Salvador, que na Bahia, foram mais de 30 mil demitidos só no setor de bens e serviços, segundo dados da SEI, 60% do montante só em Salvador. No Brasil, 100 mil lojas fechadas.

É na expectativa de que o cenário devastador estancou, que os lojistas de todo o país estão reunidos em Costa do Sauípe, na 54ª Convenção Nacional do Comércio Lojista, com a intenção de planejar o futuro, divididos entre a esperança e o otimismo.

A esperança por acharem que dias melhores virão. E o otimismo, porque pior do que está, não dá para ficar. O senso comum dita que, se não se chegou ao fundo do poço, ficamos bem perto.

Tawil lembra que mão de obra é um dos maiores insumos do varejo e representa o maior percentual de despesas.

— Demissões não são boas para ninguém: gera um problema social, perde-se todo o investimento em capacitação do funcionário, provoca elevados desembolsos para a quitação das obrigações trabalhistas e, pior de tudo, retira consumidores do mercado, retroalimentando a crise.

Os indícios de reação ainda são tímidos e lentos. Mas eles acham que, no atacado, o pior já passou.

Esperando Temer

Diz Tawil que o governo Temer está aí e o que se espera dele não é muito diferente de bandeiras que já defende há algum tempo:

— Uma profunda reforma previdenciária, tributária e das leis trabalhistas, desburocratização e desoneração do crédito (juros mais baixos), principalmente para o comércio que, diferentemente da indústria, não conta com isenções, nem com os incentivos da agricultura, lançamento do Refis (programa de parcelamento de débitos) nos níveis municipal, estadual e federal.

Esperando Rui

Na Bahia, também há uma pauta, como a alteração na data de recolhimento do ICMS e a suspensão da cobrança de 10% de antecipação sobre produtos adquiridos em outros estados para as empresas do Simples.

Esperando Neto

E tem mais, também as demandas da capital. Tawil lembra que o valor venal dos imóveis foi levantado há três anos, quando o mercado estava em alta, e que poderíamos ter uma reavaliação da base de cálculo do IPTU em Salvador para a realidade atual.

Neto e as pesquisas

A pesquisa do Instituto Paraná/Record sobre a disputa em Salvador, anteontem divulgada, revelou um detalhe: é a primeira, uma semana depois que a propaganda eleitoral no rádio e na tevê começou, e nada mudou.

ACM Neto tem vantagens extras, além da administração bem avaliada. Está no mandato, o que dá vantagem bastante expressiva a ele e aos prefeitos em situação similar, numa campanha em que não há financiamento privado, o dinheiro é curto. E também é curta a duração, outra vantagem imensa para quem já é bem conhecido , como é o caso.

A contar de hoje, faltam exatamente 30 dias para as eleições. A tendência era que Neto perdesse um pouco da gordura, mas o cenário suscita a pergunta: e dá tempo?

Na cara

Fora disso, é um jogo sem graça. Tal e qual o julgamento de Dilma, o resultado é como diz a música “Mora na filosofia”, de Monsueto Menezes e Arnaldo Passos, bem cantada por Caetano Veloso: “Não vou me preocupar em ver. Seu caso não é de ver pra crer, tá na cara”.

Gastro para carro

Um conhecido empresário da comunicação foi abastecer o carro no Posto Shell do início da Manoel Dias, na Pituba, e saiu de lá com uma chateação, um problema e uma surpresa.

A chateação: pagou a gasolina a R$ 4,05. O problema: após chegar ao trabalho, constatou que a pintura perolizada estava manchada. Não houve jeito, voltou lá e levou o orçamento feito por uma oficina.

O atendente pediu para verificar as câmeras e deu o diagnóstico:

— Problema do carro: ele está com refluxo.

A surpresa: se levasse a sério, teria que levar o carro para um gastroenterologista.

Os grandes do PT

A deputada federal Moema Gramacho, em Lauro de Freitas, o estadual José Raimundo, em Vitória da Conquista, e Carlinhos Brasileiro, em Senhor do Bonfim, são as grandes apostas petistas nos municípios baianos de maior porte para as eleições deste ano.

O deputado Luiz Caetano, em Camaçari, também é contabilizado, mas lá, o vereador Antônio Elinaldo (DEM) lidera todas as pesquisas.

Em miúdos: Camaçari fica no talvez.

Dias de medo

Funcionários da empresa Gráfica da Bahia (EGBA), a gráfica que imprime o Diário Oficial do Estado, vivem dias de medo.

Tem 400 no quadro, dos quais 20, que estavam aposentados, foram mandados embora. Mas circula que a meta de demissões pode atingir 82.

Arerê em Milagres

Mais uma embolada eleitoral para a justiça decidir. Em Milagres, região de Amargosa, Cézar de Adério (PP) e Marcos Queiroz (PMDB) se lançaram candidatos a prefeito. Depois de tudo carimbado nas respectivas convenções, resolveram se unir, saindo prefeito e vice respectivamente.

A adversária Rosimeire Andrade, a Rosa (PSD), quer impugnar a dupla. Diz que eles fizeram tal movimento fora do prazo.

Em Milagres, tem o prefeito Raimundo Silva, o Galego, que tinha o direito à reeleição, mas resolveu ficar de fora.

Arerê em Morro do Chapéu

João Humberto Batista, o Beto (PSL), principal adversário de Leo Dourado (PR) e inimigo ostensivo do deputado José Carlos Araújo, sofreu um revés. O juiz João Celso Targino Filho indeferiu a candidatura dele pelas contas rejeitadas de 2011. Lá, a disputa é fervilhante.

O caso é emblemático. Beto era presidente da Câmara, e a justiça entende que a decisão do STF que deu às Câmaras a palavra final sobre contas de prefeitos, não cabe no caso, porque Câmaras não podem julgar as contas delas próprias.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.