Publicado em 05/04/2019 às 11h16.

Depois do ‘tigrão’ e da ‘tchutchuca’, Bolsonaro tenta sair da solidão política

Esqueceu que o 'toma lá, dá cá' é do jogo, um tipo de jogo que tem hierarquia ética

Levi Vasconcelos
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

Só por ter ido a CCJ da Câmara anteontem defender a reforma da Previdência, o ministro Paulo Guedes (Economia) já demonstrou a vastidão da desarticulação política do governo.

Resultado: bateu boca com os deputados sem que tivesse quem o defendesse, e, ao ser chamado de ‘tigrão para uns e tchutchuca para outros’, pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), rebateu no mais clássico estilo das molecagens de rua:

— Tchutchuca é a sua mãe, é a sua avó!

Sem dá cá

Bolsonaro dizia que não ia dar trelas à ‘velha política’. Referia-se ao ‘toma lá, dá cá’ rasteiro que sempre campeou nas relações entre Executivo e Legislativo. E com isso marchou pelas bancadas como a ruralista, a dos evangélicos e a da segurança (a bancada da bala).

Esqueceu que o ‘toma lá, dá cá’ é do jogo, um tipo de jogo que tem hierarquia ética. Não jogou nenhum, nem com e nem sem ética. Os partidos se queixam, por exemplo, que não nomeiam ninguém. Por que deveriam jogar a carga do governo nas costas?

Ontem, na tentativa de articular a aprovação da reforma da Previdência, começou a fazer o que deveria ter feito antes da posse, ouvir os partidos aliados, como ACM Neto, presidente nacional do DEM. Conseguiu promessa de apoio ao projeto, com a ressalva: ninguém vai fechar questão. Quer dizer, as bancadas estão liberadas.

Os deputados querem o dá cá, mas só têm o toma lá. A questão agora é saber no que vai dar a ‘nova política’.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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