AO VIVO: Dilma fala em ‘pena de morte’ e apela a senadores
"Peço: votem contra o impeachment, votem pela democracia", disse, ao encerrar o seu discurso de defesa nesta segunda-feira; confira a íntegra
Com o semblante calmo e voz segura, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) iniciou a sua defesa no plenário do Senado na histórica manhã desta segunda-feira (29). Em sua fala inicial, a petista, acusada de crime fiscal, refez o seu percurso até o segundo mandato presidencial e afirmou que jamais “atentaria contra a Constituição” que “com sua vida defendeu” e relembrou o período da ditadura no país, quando foi presa política.
Ela também deu um recado aos opositores políticos. “Não esperem atos de covardia da minha parte. Tenho a consciência absolutamente tranquila e, por isso, venho à presença dos meus julgadores, olhá-los nos olhos, e dizer que não cometi crime”.
A presidente afastada falou que “ruptura democrática” agora se dá com “o mundo das aparências encobrindo hipocritamente o mundo dos fatos”. Ela se referiu a todo o processo como um golpe à Constituição por ser baseado em provas, segundo ela, inócuas e que o governo interino “revela a sua face ao excluir mulheres negros e minorias políticas das áreas de tomada de decisão”. A petista ainda listou “as conquistas sociais” dos seus governos e do seu antecessor, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
“Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar um presidente sem crime, apenas por não gostarem do conjunto da obra”, disse, ao declarar que o poder é “atribuído somente ao povo”. Em seguida, ela alertou as “ameaças” que pairam sobre a população brasileira, caso o impeachment prospere, como a revisão da aposentadoria, mudanças no FGTS e a possibilidade, conforme a ré, de suspender, pelos próximos 20 anos, reajustes nas áreas de educação e saúde. Ainda atribuiu a instabilidade de seu governo às investidas promovidas pela “elite conservadora do país”, a qual acusou de “querer o poder a qualquer preço”. “Tudo fizeram contra o meu governo”.
A petista disse também que a oposição não quis debater propostas pelo país, mas apelou para o “quanto pior, melhor”, sem dar importância aos resultados danosos. Aos senadores, disse que “uma grande injustiça está a um passo de ser concretizada”.
Dilma, que está afastada há quase quatro meses, desde que o Senado aceitou o processo e o peemedebista Michel Temer assumiu interinamente a Presidência, criticou a ação parlamentar durante a sua gestão, ao reclamar que “não se procurou discutir e aprovar uma proposta melhor para o país”. A presidente afastada disse que os três decretos em questão apenas deram alternativas para uso de recursos oferecidos pelos decretos de congestionamento, que não foram alterados. “Por isso, não alteraram a meta fiscal”, defendeu-se.
Ela emendou que, só depois da assinatura dos decretos, o Tribunal de Contas da União mudou seu entendimento sobre a matéria e não atentou “absolutamente” contra a Constituição e que todos ao atos estavam em conformidade com a lei, que todo o processo está tomado do “início ao fim de sórdido interesse político” e que só isso justifica como a “fragilidade de provas da acusação”. Ela ainda justificou que o direito de defesa foi exercido apenas formalmente, uma vez que já foi dito por seus julgadores que o resultado está posto.
“Cassar em definitivo o meu mandato é como me condenar a uma morte política”, disse. Em apelo ao parlamentares, Dilma pediu por votos contrários ao seu afastamento definitivo e que eles se lembrem do “precedente” que pode ser aberto com a “condenação de um inocente”.
“Não aceitem um golpe que, ao invés de solucionar, vai piorar a que a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta, que jamais cometeu qualquer ato ilegal. Votem, sem ressentimento, o que cada senador sente por mim e o que nós sentimos uns pelos outros importa menos, neste momento, do que aquilo que todos nós sentimos pelo país e pelo povo brasileiro. Peço: votem contra o impeachment, votem pela democracia”, disse, ao encerrar o seu discurso de defesa (confira aqui a íntegra).
Dilma foi aplaudida pelos seus apoiadores nas galerias. O presidente do Superior Tribunal Federal, que preside o processo de votação no Senado, Ricardo Lewandowski, pediu silêncio, mas não foi ouvido e suspendeu a sessão por alguns minutos.
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