Publicado em 15/08/2017 às 09h24.

Distritão, o inimigo número um da esquerda e de setores da direita

De acordo com a análise de Levi Vasconcelos, o modelo destroça os partidos e privilegia o indivíduo

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Maldição, aqui não há regras! Estamos a tentar realizar alguma coisa.”
Thomas Edison, empresário norte-americano que financiou o desenvolvimento de muitos dispositivos, a quem se atribui a invenção da lâmpada (1847-1931)

Foto: Valter Campanato/ABr
Foto: Valter Campanato/ABr

 

Diz o jornalista José Carlos Teixeira que só quatro países no mundo têm o Distritão, a Jordânia, que é um reino, o Afeganistão, Vanuatu, um pequeno país da Oceania com 270 mil habitantes, e a joia da coroa, a Ilha Pitcairn, um território britânico na Polinésia que tem apenas 57 habitantes.

Dá para se ver que o modelo, cogitado de ser adotado no Brasil pela Comissão da Reforma Política da Câmara, não é para ser seguido. E por quê? Destroça os partidos e privilegia o indivíduo. É cada um fazendo sua campanha isoladamente. Quem tiver mais voto leva. E aí só a cogitação da adoção no Brasil para as eleições de 2018 opera um milagre e une esquerda e direita.

Elmar Nascimento (DEM), deputado aliado de ACM Neto, faz coro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): é um desserviço à democracia:

— Cada candidato vai olhar para o próprio umbigo e dane-se o resto. Se Neto for candidato ao governo, por exemplo, os deputados não teriam porque brigar por ele.

Jaques Wagner, ex-governador e líder petista, é bastante incisivo:

— O Distritão é a subversão do Distrital. No Distrital, a ideia é colocar a disputa em um distrito para aproximar o eleitor do candidato. No Distritão o espaço do candidato é o estado inteiro em uma disputa majoritária. Isso não existe.

O pior é que corre o risco de passar, embora a situação de hoje seja bem menos favorável à possibilidade do que foi há duas semanas, por exemplo.

Dizem que o modelo só favorece a quem é conhecido e tem dinheiro. Em miúdos, a turma da Lava Jato, que só pensa em salvar a pele, acha que é o melhor caminho entre as parcas possibilidades disponíveis.

E é. Se passar, será mais um desserviço ao Brasil.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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