Publicado em 01/09/2016 às 09h09.

E como Temer vai se sair? Sabe-se lá. Ele está num mar de incertezas

Politicamente, ele não terá trégua dos ex-governistas, agora opositores, como avisou Dilma: “À altura que um governo golpista merece”

Levi Vasconcelos

Frase do dia

“Recessão é quando o seu vizinho perde o emprego; depressão é quando você perde o seu”

Harry Truman, ex-presidente dos EUA (1884-1972)

(Foto: Reprodução Agência Brasil).
(Foto: Reprodução Agência Brasil).

 

Michel Temer assume a Presidência da República dizendo que tem só duas pretensões no seu mandato de dois anos e quatro meses, ontem iniciado: pacificar o país politicamente e resolver o problema da economia. Numa frase, resumiu pretensões auspiciosas. Está pensando alto, diria o senso comum.

Politicamente, ele não terá trégua dos ex-governistas, agora opositores, como avisou Dilma: “À altura que um governo golpista merece”.

E para reequilibrar a economia, terá que tomar, segundo o próprio, “medidas amargas”, ou explicitamente como ele disse:

— Medidas amargas são para adocicar.

Sim, mas quem vai pagar a conta? O que são tais medidas amargas? Cortar dinheiro da saúde e da educação, como já sinalizou? Minimizar programas, como o Bolsa Família? O que são as reformas da Previdência e Trabalhista, vão suprimir direitos historicamente consolidados?

Nitroglicerina pura, em cada um desses itens, capaz de incendiar o país, a depender do que vem lá, ou no mínimo render imensos tiroteios.

Posto está que a questão econômica vitamina a política. Ele tem a vantagem de que não tem a pretensão de se reeleger. Isso aninha os tucanos, que pensar ser favoritos para 2018, se poupariam, caso cheguem ao poder, de fazer o “trabalho sujo”.

Tem também outra vantagem, o fato de transitar bem no Congresso. Mas não terá vida fácil, isso com certeza.

Primeiro abalo

Renan Calheiros, o presidente da Casa, e integrante do partido dele, o PMDB, jogou água no chope da festiva posse de Temer ontem. Defendeu e ganhou a aliviada na punição de Dilma, ao garantir a manutenção dos direitos políticos dela (a previsão era a de que ficaria inelegível por oito anos).

Dos 61 senadores que votaram pelo impeachment, 16 mudaram de voto. Os tucanos de Aécio Neves resmungaram e ameaçaram ir ao STF. Outros partidos, como o SD, dizem que vão.

Temer admitiu que não gostou:

— Não dá para termos uma base dividida, alguém chegar no Congresso e praticar um ato sem combinar antes. Isso não vou aceitar.

Talvez ele tenha uma ajuda, a de Dilma. Ela não gostou do impeachment e não deu bola para o alívio na punição. E promete resistir.

Folia eleitoral

A campanha 2016 começou a produzir suas pérolas. Em Olindina, no nordeste baiano, a prefeita Bianca Souza (PMDB), candidata à reeleição, marcou a micareta, o Olinfolia, para este mês, em plena campanha eleitoral. O Ministério Público entrou com uma ação para barrar e a justiça acatou, óbvio.

Agora os aliados de Bianca estão dizendo que foram os opositores (além dela, há mais quatro candidatos, o principal, Vanderlei Caldas, do PP) que não deixaram a folia rolar.

A própria justiça teve que dar uma nota explicando a decisão.

Ministro no cacau 1

Domingo é Dia Internacional do Cacau e, no sábado, o secretário geral do Ministério da Agricultura, Elmar Novais, na condição de ministro interino (o titular, Blairo Magi, estará na China acompanhando Temer) irá a Itabuna visitar a Ceplac e conversar com líderes do setor.

Ministro no cacau 2

A ideia, segundo o deputado Eduardo Salles (PP), é mostrar ao novo governo o que é a Ceplac e a importância dela para a região, a fim de evitar novas tentativas de rebaixamento, como Kátia Abreu fez no fim do governo Dilma. Geddel, ministro do Governo, já disse que não vai deixar.

A agonia do Velho Chico

A água pouca no Rio São Francisco continua a provocar celeumas. A barragem de Sobradinho, que em abril do ano passado tinha uma vazão de 1.300 metros cúbicos por segundo, caiu para 1.100, depois 900 e agora está em 800, embora só receba (do rio) 350. E é aí que a polêmica se estabelece: os produtores de frutas querem que a Chesf diminua, para reter água, mas o Ministério Público quer manter, para evitar maiores danos ambientais.

Num encontro anteontem, decidiu-se manter os 800, mas a palavra final é do Ibama.

Questão econômica

O deputado Eduardo Salles (PP), que acompanha o caso, diz que a situação é preocupante.

— Temos que ficar com um olho no rio e outro nos produtores. Só há previsão de chuva para novembro, as do ano passado foram poucas, e a produção não pode parar. É mais de um milhão de empregos.

Encontro com Divaldo

O médium Divaldo Franco e os psicólogos Cláudio e Íris Sinoti realizam sábado (16h), no Ginásio de Esportes da Mansão do Caminho (Pau da Lima), nova edição dos Encontros da Série Psicológica Joanna de Angelis. Vão abordar o tema O ser consciente.

Entrada: 15 cupons fiscais.

Uísque na mesa

Os deputados Hildécio Meirelles (PMDB) e Rosemberg Pinto (PT) entraram num duelo light por conta da disputa em Cairu.

Lá, a enfermeira Cíntia Rosemberg (PMDB), esposa de Hildécio, está enfrentando o prefeito Fernando Brito (PSD), que é apoiado também por Rosemberg.

Os dois se encontraram na Assembleia, começaram a falar da disputa, ambos dizendo que vão ganhar. Rosemberg propôs:

— Tá valendo uma caixa de uísque?

— Uma, não; duas!

— Eu sei que você é um homem de muitas posses, mas deixe uma.

— Muita posse, não. É a certeza de ganhar.

Está valendo uma de Red.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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