Publicado em 20/04/2017 às 10h04.

E Temer vai tirar o Brasil do buraco? Se sim, chame o Vaticano. Tem milagre

O detalhe é que o presidente é impopular, não subiu a rampa, entrou pela porta do lado e, de quebra, a representação política à sua volta está bombardeada por denúncias

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão

Jean-Paul Sartre, filósofo francês (1905-1980)

Foto: Lula Marques/ Agência PT
Foto: Lula Marques/ Agência PT

 

Muito já se viu, mundo afora, governos tomarem medidas duras, impopulares, para tirar países em crise do buraco. Mas com dois detalhes: quem criou o problema caiu em desgraça política e os proponentes das amargas soluções são outros atores, legitimados pelo voto popular, com um cabedal de popularidade para gastar.

Foi mais ou menos isso que Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente, disse ontem no fórum que Gilmar Mendes, o ministro do STF, realiza em Lisboa.

Ele não citou Temer, nem precisa. Deu o recado. Ora, no Brasil quem criou o problema foi Dilma, caiu.

O detalhe é que Temer é impopular, não subiu a rampa, entrou pela porta do lado e, de quebra, a representação política à sua volta está bombardeada por denúncias de corrupção da pesada, envolvendo bilhões.

Candidamente, Temer disse ontem que não “é porque fulano falou de beltrano que o Brasil vai parar”. Quer tocar a agenda.

Ok. O problema é que os fulanos em apreço estão dizendo que os beltranos são uma enorme quadrilha de ladrões.

Temer tem a impopularidade, um Congresso, sua principal base de sustentação, lambuzado até o pescoço no esquemão da Odebrecht, uma economia mais para estagnada em uma situação ruim e quer acabar bem o mandato, no embalo de uma economia recuperada.

Convenhamos, para nossa tristeza, porque pagamos o pato, se tudo sair como ele quer, foi bruxaria. Ou chame o Vaticano. Tem milagre na parada. E santo forte, porque até o Papa tirou o time.

De sobremesa, para fechar o cardápio de dissabores. Ano que vem tem eleição. Tem mais essa a olhar. E tentar evitar tiroteio.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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