Publicado em 14/12/2015 às 10h14.

Eis a questão: até onde chegarão os protestos contra Dilma?

Grande esperança da oposição é ver um clamor generalizado nas ruas para pedir o impeachment, como aconteceu em 1992 com Fernando Collor

Levi Vasconcelos
Foto: João Brandão/ bahia.ba
Foto: João Brandão/ bahia.ba

 

A grande esperança da oposição é ver as ruas pulsando em um clamor generalizado pedindo o impeachment de Dilma, como aconteceu em 1992 com Fernando Collor, quando os caras-pintadas impuseram a derrocada presidencial.

Claro que o cenário é outro. Collor, no começo do governo, de uma canetada surrupiou a poupança dos brasileiros causando a indignação generalizada, mas contida. Os caras-pintadas, a juventude que foi às ruas nos quatro cantos do Brasil, nada mais eram do que os netinhos dos vovós inconsoláveis com o dinheiro surrupiado.

Collor invadiu bolsos e bolsas. E tinha no calcanhar o irmão, Pedro, disparando denúncias que lhe feriram de morte.
Dilma não tomou dinheiro de ninguém, muito pelo contrário, deu (Bolsa Família e afins). E aí acumula um nicho de defensores. E não tem irmão como delator-mor.

Como o fogo da Chapada – E assim sendo, a oposição se apega em questões que não dizem muito ao povão. Como tentar induzir a ideia de que a teia da Lava Jato era um esquemão montado pelo PT à sombra do poder da qual ela foi a grande beneficiária. De forma mais discreta, também nutre esperanças nas angústias da crise econômica.

Os protestos de domingo último, a terceira manifestação do ano, mais fracas do que as anteriores (segundo a polícia), se comparados com os de Collor são inócuos. Pela dimensão, não incomodam a ponto de detonar mandatos presidenciais. Mas também são um ensaio. E a oposição quer postergar a decisão sobre o impeachment exatamente para tentar ganhar o fôlego que falta.

Vai dar certo? Sabe-se lá. Mas de tudo posto na vastidão dos estragos, a crise econômica tem importância capital. Veja a Chapada Diamantina: arde em chamas porque a palha da mata está seca. E fogo só se espalha em palha seca.

Falta quem meça até que ponto o desemprego gerado pela crise virou palha. Ou melhor, se já está tão seca a ponto de permitir o fogaréu se alastrar.

Fala o STF – Nesta quarta, o STF dirá se o rito do impeachment ditado por Eduardo Cunha para instalar a Comissão do Impeachment foi correto ou não. O procurador da República, Rodrigo Janot, já deu parecer dizendo que não.

Seja como for, 2015, o infeliz ano velho para os brasileiros, em geral, e para Dilma, no particular, está acabando. Fica tudo para 2016. Resta saber até onde o fogo vai.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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