Publicado em 16/06/2017 às 10h03.

Elmar Nascimento com a palavra: ‘Distritão não passa. Eu não voto’

Quem deveria achar os caminhos da saída, a representação política, também está atônita no tiroteio, não por buscar saídas, mas para salvar a própria pele

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Procura limpar a vasilha antes de lançar nela seja o que for. Quer dizer, antes de pregar a virtude, reforma os teus costumes.”
Epicteto, filósofo grego que passou a maior parte da vida como escravo, em Roma (55 d.C.-135 d.C.)

Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

 

O Brasil ainda está longe de tirar lições morais da Lava Jato, por todas as vertentes. A corrupção sedimentou-se como cultura. E apesar dos muitos presos notáveis, no baixo clero tudo caminha como dantes. Quem deveria achar os caminhos da saída, a representação política, também está atônita no tiroteio, não por buscar saídas, mas para salvar a própria pele.

E como fazer para resolver a emergência, 2018?

Uma certeza: acabou a era do dinheiro privado. Como fazer para construir uma reforma política que crie regras claramente democráticas e baratas? Não há consenso.

De passagem por Salvador, em um relax no Forró da Assembleia, a caminho de Uauá, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), membro da Comissão da Reforma Política, diz que está tudo como dantes, consenso zero, sobre o dinheiro para bancar as campanhas:

— Estão falando em aumentar o Fundo Partidário de R$ 869 milhões para R$ 5 bilhões.

E se a campanha de 2014, com 18 mil candidatos a deputados estadual e federal, senadores e governadores (sem contar presidente) o total das doações oficiais, sem contar o caixa 2, foi de R$ 20 bilhões, quatro vezes mais?

— Não temos outra saída. O Distritão não passa. Eu, que tenho candidato a governador forte (ACM Neto), não tenho nenhum interesse em estilhaçar os partidos botando o embate como disputas individuais. Não voto.

E daí, o que fazer?

— Uma alternativa é ficar tudo como está com esse financiamento que falei acima. Mas lá nada tem consenso. O problema da reforma política é que todo mundo tem a sua fórmula.

Aí que está. Esse modelo escancara as portas do submundo para o jogo político, com a presença de traficantes e afins. Esse é o risco, de sairmos de 2018 piorados.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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