Em evento do PDT, Dilma se compara ao ex-presidente Vargas
Para a presidente, discussão sobre o impeachment de seu mandato se assemelha à crise política enfrentada por Getúlio Vargas, que acabou cometendo suicídio
Em evento com críticas ao governo federal, a presidente Dilma Rousseff comparou a atual discussão sobre o impeachment de seu mandato à crise política enfrentada em agosto de 1954 pelo ex-presidente Getúlio Vargas, que cometeu suicídio sob pressão para renunciar ao cargo.
No encontro no qual recebeu gritos da plateia de “não vai ter golpe”, a petista afirmou que o processo contra Getúlio Vargas foi um “prenúncio” do que ocorre atualmente no país. Segundo ela, não há “nenhuma base” para um impeachment de seu mandato e os defensores de sua saída não gostam de ser chamados, mas são golpistas.
“O impeachment que tentaram impor a Getúlio Vargas foi um prenúncio do que está acontecendo agora no Brasil. Um governo federal pode e deve ser julgado e criticado. Mas um governo federal não pode ser objeto de um golpe por razões que eles chamam de política, que não são”, disse. “Não há nenhuma base para um impeachment. Eles sabem disso e não ligam. Não gostam de ser chamados de golpistas, mas são”, acrescentou.
A referência a Vargas ocorre porque o PDT invoca-se como herdeiro político do político gaúcho, ao lado do PTB — sigla que Vargas fundou após o Estado Novo, em 1945, e foi refundada após a redemocratização, em 1981.
A petista participou nesta sexta-feira (22) de reunião da Executiva Nacional do PDT, em Brasília. Em uma crítica indireta ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ela voltou a ressaltar que não tem dinheiro em contas no exterior e que não há contra ela acusação de uso indevido de dinheiro público. “Eu tenho uma vida absolutamente ilibada”, disse.
“Na democracia, é normal que qualquer um critique, se manifeste e divirja do que ocorre. O que não podemos aceitar é que as questões que forem essenciais ao país não sejam objeto de uma ação conjunta para que voltemos a gerar renda e emprego”, disse.
Emoção – A presidente embargou a voz no evento ao lembrar da iniciativa governamental de sepultar o corpo do ex-presidente João Goulart com honras de chefe de Estado, em 2013.
No evento, ela participou de homenagem e fez elogios ao fundador da sigla, o ex-governador Leonel Brizola. O PDT foi o primeiro partido ao qual a presidente foi filiada – ela ajudou na fundação do partido em Porto Alegre, em 1979, e deixou a sigla em 2001 -, antes de entrar no PT. A plateia chegou a pedir o retorno da petista ao PDT, ao que ela reagiu com risos.
A presidente chegou a receber a recomendação de auxiliares e assessores sobre a possibilidade do evento ter críticas ao governo federal.
Com o objetivo de convencer a petista a comparecer, o comando nacional do partido garantiu previamente ao Palácio do Planalto que não haveria ataques à administração federal e ao vice-presidente Michel Temer durante a presença dela.
Para evitar uma saia-justa, o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à sucessão presidencial de 2018, discursou antes da chegada da petista. Em sua fala, atacou a política econômica do governo federal.
“De um lado o governo que nós elegemos se desconstruirá muito rápido e fortemente com a negação do compromisso que lhe dera vitória eleitoral, símbolo de valores exatamente opostos, que é compromisso com quem trabalha e produz”, afirmou.
Bem-humorada, a presidente reconheceu que Ciro Gomes “às vezes briga” com ela. “Ele pode fazer o que quiser, mas eu não brigo com ele. A gente não briga com uma pessoa que demonstrou no convívio com ela uma imensa lealdade, dignidade e capacidade de luta”, disse.
E fez uma brincadeira com as críticas contra o governo federal feitas por integrantes do PDT. “Vocês veem o que vocês falam, porque o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) é do PT”, disse, em referência ao ministro que estava presente.
A presença da petista no evento partidário tenta diminuir mal-estar causado no final do ano passado, quando a petista cancelou horas antes do horário marcado jantar com a bancada do PDT na Câmara dos Deputados, o que irritou parte da cúpula nacional da sigla que já estava no Palácio do Alvorada.
Ela ocorre também como parte do esforço do Palácio do Planalto, diante das crises política e econômica, de estabelecer uma pauta positiva para a presidente e evitar a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
Mais notícias
-
Política
22h20 de 19 de abril de 2024
Governo propõe a servidores da educação reajuste de 9% em 2025
Sindicato classificou proposta de "irrisória e decepcionante"
-
Política
19h00 de 19 de abril de 2024
Lula se queixa a líderes que PT não defende o governo
Presidente da República se reuniu com líderes do governo no Congresso nesta sexta-feira (19)
-
Política
18h46 de 19 de abril de 2024
Em carta, secretários estaduais de Comunicação se comprometem com combate às fake news
Durante a quarta edição do Fórum Nacional das Secretarias Estaduais de Comunicação, os secretários e secretárias debateram e apresentaram cases e desafios da comunicação pública no país
-
Política
17h56 de 19 de abril de 2024
Lula decide se encontrar com Lira e Pacheco na próxima semana
Presidente também ouviu dos ministros e líderes do Congresso quais vetos governo sairá derrotado
-
Política
17h51 de 19 de abril de 2024
‘Condenação contra Sergio Camargo não tem nada a ver com corrupção’, diz Eduardo Bolsonaro
Parlamentar usou redes sociais para defender presidente da Fundação Cultural Palmares durante o governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro
-
Política
17h01 de 19 de abril de 2024
Após reunião com Lula, líder da Câmara prioriza tributária e Perse
Deputado José Guimarães disse que irá “trabalhar” para votar os temas na terça-feira (23)
-
Política
16h55 de 19 de abril de 2024
Comissão da Câmara aprova moção de repúdio a filho de Lula acusado de agredir ex-namorada
A defesa de Luís Cláudio diz que as agressões são “fantasiosas” e que vai pedir reparação por danos morais
-
Política
16h31 de 19 de abril de 2024
Lista de servidores do governo que ocupou hotel de luxo em Londres é mantida em sigilo
Ao todo, o governo brasileiro gastou R$ 1,47 milhão com o estabelecimento, sendo R$ 140 mil para duas salas de reuniões no hotel
-
Política
15h31 de 19 de abril de 2024
CPI das apostas no Senado muda de nome
CPI começa efetivamente na segunda-feira (22), com o depoimento de John Textor, controlador do Botafogo
-
Política
13h43 de 19 de abril de 2024
PSD já tem mapa de votos para levar Brito ao 2º turno da sucessão de Lira
“Com 200 votos, Brito estaria no segundo turno. E ele tem um bom perfil para essa disputa”, disse um aliado dele