Publicado em 12/08/2016 às 08h21.

Em vez de ouro, prata e bronze, brasileiros estão levando é chumbo

Até esta sexta-feira, o Brasil ganhou três medalhas: Rafaela Silva no judô (ouro); Felipe Wu no tiro (prata) e Mayra Aguiar novamente no judô (bronze)

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Como as nossas paixões pelos esportes são tão profundas e tão
amplamente distribuídas, é provável que façam parte de nosso hardware – não estão em nossos cérebros, mas em nossos genes.”

Carl Sagan, astrofísico, astrônomo e cosmólogo norte-americano (1934-1969)

Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão Conteúdo
Foto: Ernesto Rodrigues/ Estadão Conteúdo

 

Macaco Simão, com suas geniais sacadas, disse na Band News:

— O Brasil até agora só ganhou medalha na porrada e no tiro.

Referia-se a Rafaela Silva no judô (ouro) e Felipe Wu (tiro), já que ele falou anteontem e Mayra Aguiar só ganhou o bronze ontem. Brincava, mas acertou na mosca.

Pondere-se que a última medalha de tiro conquistada pelo Brasil tem mais de meio século. Mas nem por isso os brasileiros deixam de atirar, mas no alvo indevido.

Já falamos no assunto, mas é bom repetir: o Mapa da Violência de 2015 revela algo assustador. De 1980 até 2012, pouco mais de três décadas, 880.386 vítimas de armas de fogo. Desses, 497.570, jovens entre 15 e 29 anos. É uma gigantesca carnificina. E tais estatísticas só crescem.

Ficamos a imaginar, o que haveria de ser se esses quase 500 mil jovens mortos a tiro estivessem incluídos em práticas esportivas. Quantas medalhas eles não estariam ostentando no peito. Não. Levaram chumbo no pior sentido do termo.

Ponderemos que um bom gestor é aquele que conhece bem o território da sua governança e foca o que quer alcançar nos limites que tem. Por aí, até temos bons governantes, a começar por Rui Costa e ACM Neto. Mas daí…

O Brasil é o país sul-americano que mais investe em esportes: US$ 842,4 milhões em 2015. É pouco para a vastidão do território brasileiro, mas o governo acaba de anunciar a redução.

Ora, a excelência das governanças é baixar as más estatísticas. Não vemos nenhum sinal nessa linha. Por aí dá para se tornar como temos sido mal governados.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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