Publicado em 27/10/2017 às 09h00.

Empresa firmou contratos milionários com Derba mesmo após extinção

Somente em 2015, a Softplan/ Poligraph recebeu mais de R$ 3 milhões do departamento de rodagem baiano

Redação
Foto: Divulgação
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A extinção do Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia (Derba) em fevereiro de 2015 não foi suficiente para que a empresa Softplan/ Poligraph deixasse de ganhar contratos com o órgão.

O encerramento das atividades do Derba foi uma das primeiras medidas tomadas pelo governador Rui Costa (PT) ao assumir o Estado.

Em outubro de 2015, oito meses após o fim do Derba, a Softplan/ Poligraph recebeu mais de R$ 1,6 milhão do governo baiano. Um mês depois, o mesmo valor foi pago pelo Derba à empresa.

Contratos da Poligraph com o extinto departamento sempre foram alvos de especulação. A organização monopolizou por quase 20 anos os certames, e venceu, em 2014, um contrato de R$ 3 milhões com o órgão estadual, mesmo com as suspeitas de direcionamento levantadas pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – Regional Bahia (Assespro-BA).

Apesar do fechamento do departamento de rodagem estadual, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) pagou mais de R$ 4 milhões, sob alegação de créditos atrasados, em 12 reconhecimentos de débitos publicados entre 30 de dezembro de 2015 e 20 de abril deste ano.

No entanto, os contratos do governo com a Softplan/ Poligraph não vêm somente da Seinfra ou do Derba. A empresa mantém também, sem licitação, convênios com a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), comandada desde a era Jaques Wagner por Eduardo Pessôa, primo próximo do empreiteiro baiano Ricardo Pessôa, arrolado na Operação Lava Jato.

Em 2013, as duas entidades firmaram pacto de R$ 6 milhões, com validade de um ano. O tempo, porém, não parece ter sido necessário e o acordo foi aditado por sete vezes consecutivas. Apenas um dos reajustes somou R$ 220 mil.

Passado nebuloso – A Softplan/ Poligraph possui contratos na Bahia e outros seis estados brasileiros. O suposto know how adquirido pela empresa não foi suficiente para barrar frustrações milionárias como, por exemplo, a implantação de sistema de informação no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em 2014.

A instalação dos softwares de controle de processos custou mais de R$ 40 milhões à Corte e foram rapidamente substituídos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Críticas recorrentes quanto à dificuldade na utilização e falta de estabilidade criaram uma reputação muito negativa para o sistema.

Várias reportagens chegaram a ser veiculadas nos diversos órgãos de imprensa da Bahia à época para tratar tanto da criação de filas e mau atendimento do sistema quanto à legalidade da contratação.

 

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