Publicado em 28/05/2019 às 12h15.

Empresas aéreas enfiam a faca. Preço das passagens passou da mesosfera

Um voo de ida e volta Salvador-Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, custa em torno de R$ 3.500, o mesmo preço entre Salvador e São Paulo

Levi Vasconcelos
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

 

No embalo da falência da Avianca, os preços das passagens aéreas, que de início eram abusivos, passaram a ser escorchantes. Pelo menos é o que se pode deduzir da audiência pública realizada ontem na Assembleia para discutir o assunto.

O deputado Jânio Natal (Pode), também ex-prefeito de Porto Seguro, disse que uma passagem para lá que antes custava R$ 237 agora custa R$ 3.357. Com o detalhe: haviam três empresas, Latam, Gol e Avianca. Só ficou a Gol, que bota o horário de ida meia noite e meia e de volta 5 da manhã.

— O nome disso é roubo.

Jonga quer CPI

O assunto causa indignação também nos deputados federais baianos, que obrigatoriamente fazem dois voos semanais a Brasília (ida e volta). A passagem que custava R$ 600 passou para R$ 2 mil. O custo mensal que era de R$ 4,8 mil passou para R$ 16 mil.

O deputado João Carlos Paolilo Bacelar (PL), presente à audiência, diz que já coletou assinaturas, e nesta semana dá entrada num pedido de CPI para apurar o caso.

— O presidente da Anac (José Ricardo Pataro de Queiroz), por acaso um baiano, disse que não é função dele regular preços. Há um cartel. Os preços são iguais na TAM, na Gol, na Latam, e na Azul.

Dizem que o dólar e o querosene definem as passagens. Segundo João Carlos, em Vitória, custa R$ 3,34 o galão; em Salvador, R$ 2,56; em Campinas R$ 2,73; na Turquia R$ 1,67; e na Espanha R$ 0,60.

Tóquio é ali

Habituado a viajar pelos quatro cantos do planeta, um hábito que ele cultiva há tempos, o deputado Adolfo Menezes (PSD) se diz perplexo.

Exemplo: um voo de ida e volta Salvador-Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (14 horas de voo), custa em torno de R$ 3.500, o mesmo preço entre Salvador e São Paulo (duas horas).

— De São Paulo para Tóquio, no Japão, custa R$ 5 mil. Semana passada eu estive em São Paulo e paguei isso. Virou uma esculhambação.

O ranking maldito

Nelson Leal (PP), presidente da Assembleia e patrono da discussão sobre a escorcha nas passagens aéreas ontem, disse que os preços no Brasil, especialmente para o Norte e o Nordeste, viraram um abuso:

— Enquanto países como Malásia, Bulgária, Índia, Turquia, Romênia, Indonésia e Tailândia estão entre as mais baratas, o Brasil ocupa a 48ª posição no ranking. Portanto, não é uma questão de país desenvolvido ou não.

É mais em cima

Presente à audiência ontem na Assembleia, o senador Jaques Wagner (PT) disse que aplaude a decisão do governo de abrir a possibilidade de capital estrangeiro nas empresas aéreas que atuam no Brasil, mas alertou que Anac e empresas têm que conversar:

— Veja. A Azul não é brasileira. A Gol é controlada por fundos de pensão internacionais. E a TAM é chilena. Tem que haver uma regra regulamentando isso.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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