Publicado em 10/12/2016 às 09h36.

Ex-executivo da Odebrecht cita deputados baianos e senadora Lídice

Cláudio Melo Filho detalha no acordo de delação premiada os motivos para doação de campanhas dos parlamentares; confira a lista

Rodrigo Daniel Silva
Foto: J.F.Diorio/ Estadão Conteúdo
Foto: J.F.Diorio/ Estadão Conteúdo

 

Além de citar o ex-ministro Geddel Vieira Lima e os petistas Jaques Wagner e Rui Costa no acordo de delação premiada, o ex-executivo de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, fala sobre pagamentos feitos pela empreiteira a deputados da Bahia e à senadora Lídice da Mata (PSB).

De acordo com o delator, receberam dinheiro da empreiteira os deputados: Lúcio Vieira Lima (PMDB, com codinome “Bitelo”), Antônio Brito (PSD, o “Misericórdia”), Arthur Maia (PPS, o “Tuca”), José Carlos Aleluia (DEM, o “Missa”), Colbert Martins (PMDB, o “Médico), Adolfo Viana (PSDB, o “jovem”), Lídice da Mata (PSB, a “feia”), Daniel Almeida (PCdoB, o “comuna”), Jutahy Magalhães Júnior (PSDB, o “moleza”) e o vereador de Salvador Paulo Magalhães Júnior (PV, “goleiro”)

Na delação, conta ainda pagamentos feitos pela Odebrecht de forma oficial a parlamentares baianos. São eles: Antônio Imbassahy (PSDB), Benito Gama (PTB), Claudio Cajado (DEM), Colbert Martins, Aleluia, Jutahy, Leur Lomanto Júnior (PMDB) e Lúcio Vieira Lima. Todos os citados negam qualquer tipo de irregularidade e afirmam que as doações de campanha estão devidamente registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Argumentos apresentados pelo ex-executivo Odebrecht para doar:

Lúcio Vieira Lima – A Odebrecht solicitou ao deputado, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), para que apresentasse emenda que atendesse ao interesse da empreiteira referente ao tratamento tributário da Nafta Petroquímica e Condensado. O peemedebista, segundo ele, atendeu à solicitação e apresentou emenda, protocolada sob o numero 342, que depois de tramitar no Senado, com revisão de Romero Jucá, foi aprovada em 2005. Lúcio também teria atuado para aprovação da Medida Provisória 613/2013.

Antônio Brito – Conta o delator que o deputado chegou a ser estagiário da empreiteira e recebeu R$ 100 mil da empresa na campanha de 2010. Diz o delator que o parlamentar solicitou ainda a “pretexto de campanha do seu pai”, o vereador Edvaldo Brito (PSD), que era advogado da empresa, um valor de R$ 200 mil. Além disso, em 2014, foi realizada uma doação eleitoral a Antônio Brito no valor total de R$ 130 mil.

Aleluia – Segundo Cláudio Melo Filho, recebeu R$ 300 mil. “O deputado sempre foi um defensor da Bahia e de seus problemas. Certamente, na minha visão, ele poderia ser um ponto de entrada para discussão de temas da região Nordeste, como ocorreu quando da questão da grave crise de energia que afetaria as empresas eletrointensivas do Nordeste”.

Colbert Martins – Conforme o delator, recebeu R$ 150 mil. A ajuda se deu a pedido de Geddel Vieira Lima. “Mesmo eu não tendo relação de proximidade, busquei reforçar a liderança que o PMDB da Bahia poderia ter no Congresso”, afirma no documento.

Adolfo Viana – É apontado como beneficiário de R$ 50 mil. O pagamento, a pretexto de campanha,
foi feito exclusivamente por um pedido do deputado Jutahy Magalhães Júnior. “Um pedido feito por Jutahy Magalhães tinha grande importância por ser um parlamentar de relação antiga com a empresa. Segundo me informou, ele faz parte do grupo político do mesmo estado”, justificou;

Lídice da Mata – O ex-executivo da Odebrecht diz que a senadora recebeu R$ 200 mil da companhia. “Tem relação histórica com a empresa. Eu acreditava na sua eleição como senadora pelo momento político na Bahia, pois ela era da chapa do governador eleito Jaques Wagner. Depois de ser eleita nas eleições de 2010, recordo-me que falei pessoalmente com a senadora, e solicitei apoio direto de José Filho para acompanhar o tema, para que esta senadora ajudasse um projeto do Instituto de Hospitalidade em Salvador, que acredito ter relação com a Fundação Odebrecht. Este projeto era vinculado à Secretaria de Turismo da Bahia, cujo secretário, Domingos Leonelli, era indicado pelo PSB, partido da senadora. José Filho me relatou o descaso dela com o assunto, pois nunca recebeu sequer um retorno”, afirma, na delação.

Daniel Almeida – O deputado federal do PCdoB, conforme a delação, recebeu R$ 100 mil da empreiteira. “A solicitação foi feita, pois o mesmo é do PCdoB, partido que detinha, à época, a secretaria de estado de esportes da Bahia. Como tínhamos vencido a concessão para a Fonte Nova, seria uma forma de mantermos uma interlocução qualificada, sobretudo em razão da Copa do Mundo, Aliado a este fato, foi levado em consideração para a realização do pagamento, o fato de o candidato ser da base aliada do Governo da Bahia”, declarou Melo Filho.

Paulo Magalhães Júnior – O vereador de Salvador, hoje no PV, recebeu R$ 50 mil, segundo o delator. “Contribuímos para a possível eleição desse deputado estadual (foi candidato e perdeu), pois ele me solicitou pagamento a título de contribuição de campanha em razão da minha relação pessoal. Não acreditava que ele fosse eleito, pois não tinha uma base de sustentação que o levasse a ter voto suficiente, como acabou acontecendo, pois ele não foi eleito. Outro fator que contribuiu para a decisão da empresa sobre o pagamento é o fato de ele pertencer à Família Magalhães, tendo pai como deputado federal e parentes históricos de peso na política baiana. Fato que justificou o pagamento realizado pela empresa”, argumenta o ex-executivo.

Jutahy Magalhães Júnior – O deputado federal é apontado como recebedor de R$ 350 mil. “É um político historicamente ligado à Odebrecht, inclusive por meio de amizades e relações familiares, e foi ajudado, de maneira relevante, em 2010 e 2014. Este deputado sempre se valeu do histórico político da sua família, tendo sido eleito para 08 legislaturas na Câmara de Deputados. Sem dúvida que ajuda a Bahia nos seus discursos desenvolvimentistas e conhecendo os investimentos da Odebrecht no estado era visto com um aliado para defesa de interesses afetos a estes investimentos. Sua projeção nacional deveu-se a sua estreita relação com o PSDB de São Paulo, especificamente com o senador José Serra. O deputado sempre foi bastante atuante e por algumas vezes exerceu cargo de liderança em seu partido. Foi Ministro do Bem Estar Social, no Governo Itamar Franco”, listou.

Confira a lista completa de políticos baianos com os quais Cláudio Melo Filho afirma ter mantido contato:

João Almeida – ex-deputado federal (PSDB);
Arthur Maia – deputado federal (hoje no PPS);
Geddel Vieira Lima – ex-deputado federal e ex-ministro (PMDB);
José Carlos Aleluia – deputado federal e presidente estadual do DEM;
Antonio Imbassahy – deputado federal (PSDB);
Lúcio Vieira Lima – deputado federal (PMDB);
Leur Lomanto Júnior – deputado estadual (PMDB);
Jutahy Magalhães Júnior – deputado federal (PSDB);
Walter Pinheiro – ex-deputado federal e senador licenciado (ex-PT);
João Carlos Bacelar – deputado federal (PR);
Antonio Brito – deputado federal (PSD);
Benito Gama – deputado federal (PTB);
Jaques Wagner – ex-governador e ex-ministro (PT);
Claudio Cajado – deputado federal (DEM);
Daniel Almeida – deputado federal (PCdoB);
Lídice da Mata – ex-deputada federal e atual senadora (PSB);
Adolfo Viana – deputado estadual (PSDB);
Colbert Martins – ex-deputado federal (PMDB);
Paulo Magalhães Júnior – vereador de Salvador (PV);
Nelson Pelegrino – deputado federal (PT);
Rui Costa – ex-deputado federal e atual governador (PT).

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