Publicado em 18/11/2016 às 09h49.

Garotinho e Cabral, o sujo e o mal lavado no duelo entre corruptos

Pena a humanidade ainda não ter inventado uma máquina, o corruptômetro, para medir a vastidão do estrago social que a ladroagem do dinheiro público causa

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“É hipócrita quem critica a corrupção genérica e em grande escala e pratica a corrupção cotidiana”

Sergio Fajardo, político e matemático colombiano (1956)

Foto: Renato Araújo e Fábio Rodrigue Pozzebom/Agência Brasil|Montagem: bahia.ba).
Foto: Renato Araújo e Fábio Rodrigue Pozzebom/Agência Brasil|Montagem: bahia.ba).

 

Diz Eures Ribeiro, prefeito reeleito de Bom Jesus da Lapa, que a corrupção, entendida como o ato de afanar o dinheiro público, é a mãe de todas as desgraças. Dela nascem problemas de segurança, com a educação e a saúde. Está certo.

Diz Sérgio Moro, o juiz da Lava Jato, que não seria justo manter Sérgio Cabral solto usufruindo do dinheiro que ele auferiu criminosamente enquanto o Rio de Janeiro, Estado que ele governou por oito anos, está em frangalhos financeiro.

Moro também está certíssimo. Pena a humanidade ainda não ter inventado uma máquina, o corruptômetro, para medir a vastidão do estrago social que a ladroagem do dinheiro público causa.

Se ela existisse, veríamos no Rio que Cabral deu grande contribuição para as desgraças que os cariocas vivem, à custa das suas joias, casas, lanchas, carros e helicópteros de luxo. E também, como diz Eures, que a tragédia brasileira, cuja estampa mais terrorífica se dá na crescente violência que provocou e provoca uma carnificina que parece interminável, nasce da ação dos corruptos.

Curioso é que, na véspera, a PF prendeu Anthony Garotinho, também ex-governador do Rio, acusando-o de estar metendo a mão em dinheiro público para comprar votos e beneficiar a mulher, Rosinha Garotinho, prefeita de Campo dos Goytacazes, candidata a reeleição.

Na cadeia, Garotinho se vangloriou da prisão de Cabral, a quem ele vinha denunciando. E Rosinha, candidamente, disse que o marido estava dando dinheiro aos pobres, enquanto Cabral estava roubando para si. Sugere que um roubava por causa nobre e outro para ostentar o luxo.

O Brasil é cheio disso. De corruptos apontando outros com os seus dedos sujos. Quantos ainda vão morrer até tomarmos jeito? Eis a questão.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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