Publicado em 15/06/2018 às 12h20.

Gilmar Mendes: Lava Jato ganhou projeção ‘exagerada’ e ‘indevida’

Para o ministro, a operação também adquiriu popularidade; a declaração foi dada ao jornalista Roberto D'Ávila

Redação
Nelson Jr./ASCOM/TSE
Nelson Jr./ASCOM/TSE

 

Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a Operação Lava Jato teve uma projeção exagerada e indevida. A declaração foi dada ao jornalista Roberto D’Ávila, em entrevista transmitida pela GloboNews, na noite de quinta-feira (14). Para o ministro, apesar dessa projeção, a Lava Jato também adquiriu popularidade.

“Toda essa bem-sucedida Operação Lava Jato, que é digna de elogios, levou também ao desaparecimento da classe política, dos partidos políticos. Por isso, ela passou a ter uma lógica própria. Veja que a Lava Jato passou a propor medidas legais, questionar medidas judiciais, a discutir aspectos que transcendem de muito a sua própria competência, a sua própria atribuição, a atribuição dessa chamada força-tarefa”, falou.

“Mas, sobretudo, me parece que o desaparecimento do Congresso com seu papel de contemporização, de moderação e de enfrentamento muitas vezes levou que essa organização, a Operação Lava Jato, ganhasse uma projeção talvez exagerada e claramente indevida. Mas ela ganhou também popularidade”, completou.

Na ocasião, o jornalista questionou ainda a proximidade de Gilmar Mendes com alguns presos que tiveram habeas corpus julgados pelo ministro. “Não somos amigos íntimos, somos amigos naquela forma brasileira de ser”, explicou.

“Eu fui subchefe da Casa Civil desde 1996. Convivi com uma boa parte das lideranças políticas que aí está. De vez em quando, os julgo. São pessoas que, às vezes, vêm pedir audiência. Isso acontece. Não obstante, não estou impedido e nem suspeito”.

Para Mendes, ele é “um aplicador fiel da constituição”. Durante a entrevista, ele contou ainda que ficou surpreso com a notícia que a turma do STF concedia 30% dos habeas corpus pedidos. “Não estamos falando de crimes bárbaros. Às vezes, estamos falando de furto de fita de vídeo, de bambolê. Não é que a turma seja muito concessiva, é que há uma dureza da lei penal por aí, por razões que às vezes se explicam: o furto do bambolê estimula essa prática. Sabe-se lá como se avaliam esses fatos no interior”, falou.

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