Publicado em 21/12/2016 às 09h27.

Gilmar Mendes sugere o impossível, lavar o dinheiro que já nasce sujo

Ele sugere a quebra da regra: pode ser que o dinheiro tenha sido dado por baixo do pano, mas de origem limpa

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A República sobreviverá até o Congresso descobrir que pode subornar o povo com seu próprio dinheiro”

 Charles Tocqueville, historiador, escritor e filósofo francês (1805-1859)

Foto: Fábio Possebom/ABr.
Foto: Fábio Possebom/ABr.

 

Sempre se disse que caixa 1, o dinheiro oficialmente doado, ou “por dentro (da lei)”, como dizem, ou o caixa 2, aquele dado por debaixo do pano, no escurinho do cinema ou na mala, davam quase no mesmo, ambos tinham origem no superfaturamento de obras.

Ou seja, nesse jogo não há espírito natalino. Eis que esta semana o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, saiu com uma pérola natalina, um presente para corruptos:

— O caixa 2 não revela per se (em si mesmo) a corrupção, então temos de tomar todo esse cuidado.

Está sugerindo a quebra da regra: pode ser que o dinheiro tenha sido dado por baixo do pano, mas de origem limpa. Então isso não é crime.

Ora, ministro. No jargão empresarial é comum a frase para definir intenções no jogo: dar o dinheiro por fora, para comer por dentro.

Ou seja, financiar um candidato por baixo do pano para pegar obras e serviços no poder público sem levantar suspeitas.

E aí, isso é crime per se ou não?

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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