Publicado em 12/05/2017 às 10h22.

Governadores do Nordeste soltam o brado em Salvador. Mas e daí?

"Combater a corrupção é dever de todos, no dia-a-dia, mas não vamos resolver os problemas do país nos fixando só neste assunto", disse Flávio Dino, do Maranhão

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Final de semana sem dinheiro é tipo zói azul em gente fêa, num serve de nada.”
Signos Nordestinos, coletânea de frases paridas da alma nordestina espalhada na internet.

Foto: Manu Dias/ GOVBA
Foto: Manu Dias/ GOVBA

 

Sete dos nove governadores do Nordeste estavam na manhã da quinta-feira (11) na Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Não pense mal, nestes tempos de Lava Jato. Foi mera coincidência, como também é coincidência o congresso que vai se realizar em Curitiba de 23 a 26 deste mês para discutir as ervas daninhas e a resistência aos herbicidas.

Os governadores, em encontro periódico, desta vez em Salvador, chutam divergências partidárias e buscam unir os pleitos comuns dos estados mais pobres, com o Nordeste bem pontuado no ranking maligno. O que revela boa estratégia.

Pobre e sofrido, com a terra árida, o Nordeste sempre esteve na sarjeta do Brasil, a julgar pelo trato da coisa pública lá em Brasília. Até não muito atrás, era um grande fornecedor de mão-de-obra escrava para o sul do país. Mas tem um lado bom: é bem mais perto da Europa e dos EUA. Um mérito de Lula que ninguém lhe tira, a viabilização dos portos de Pecém no Ceará e Suape em Pernambuco. Mas a distância no status e no trato ainda é grande.

Os governadores querem isso, tratamento diferenciado para quem é mais pobre. É o papel deles. É o tipo da iniciativa que tem que ter. Até para dar pitaco nas questões nacionais de forma diferenciada, como fez Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão:

— Combater a corrupção é dever de todos, no dia-a-dia, mas não vamos resolver os problemas do país nos fixando só neste assunto. Em suma, não deixar a Lava Jato virar uma erva daninha resistente a herbicida.

Pedidas

Os governadores conversaram com jornalistas na chegada e na saída, mas o encontro propriamente dito entre eles foi a portas fechadas. Discutiram no particular a Previdência Complementar, um modelo que a Bahia criou, deu certo, e os outros vão copiar. E principalmente a pedida conjunta expressa na Carta de Salvador, de tratamento diferenciado nos empréstimos do BNDES, a quem os nordestinos devem muito.

E daí? Só há um caminho para se saber: esperar.

Descontração

A certa altura da conversa, criticando os males que a reforma da Previdência vai fazer, Renan Filho (PMDB), de Alagoas, que é filho do senador Renan Calheiros, crítico do governo, mas aliado por ser do PMDB, o partido de Temer, afirmou:

— Precisamos ser mais enfáticos!

Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, aproveitou a brecha e entrou:

— Renan, precisamos de arranjar um partido para você. Você vem?

Gargalhada geral.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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