Publicado em 15/08/2016 às 09h18.

Hospitais filantrópicos agonizam. E o governo finge que não vê

A rede não é pouca coisa. Atende 53% da população brasileira, sendo 44% na Bahia, e é responsável por 85% das cirurgias do segmento

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Se puderes, ajuda os outros; se não o puderes fazer, ao menos não lhes faças mal”

Sócrates, filósofo grego considerado o fundador da filosfia ocidental (469 a.C, – 399 a.C.)

O Hospital Martagão Gesteiraestá em situação gravíssima, está suprimindo serviços, inclusive cirúrgicos (Foto: Divulgação).
O Hospital Martagão Gesteira está em situação gravíssima, está suprimindo serviços, inclusive cirúrgicos (Arte: Divulgação).

 

Qual é a intenção do governo com a rede de hospitais filantrópicos, é matar?

A rede não é pouca coisa. Atende 53% da população brasileira (na Bahia, 44%), sendo que no atendimento oncológico significa 95% e é responsável por 85% das cirurgias do segmento.

Pela asfixia que condenou o setor, parece. Grande parte dos equipamentos do Hospital Irmã Dulce, a maior referência em filantropia na Bahia, está sucateada.

O Hospital Martagão Gesteira, em situação gravíssima, está suprimindo serviços, inclusive cirúrgicos.

Essa agonia, que parece eterna, tem explicação clara e objetiva, o descaso. Maurício Dias, presidente da Federação das Santas Casas da Bahia, estudioso do assunto, conta que nos últimos 26 anos o reajuste da tabela do SUS foi de 93%, enquanto a inflação oficial foi de 413%.

Se a inflação oficial fosse real, já seria um disparate, mas é pior. Ele cita que, no mesmo período, a energia subiu 962%, a água 945% e o transporte coletivo (que implica no vale transporte), 1012%. Qualquer leigo percebe que essa conta não tem como fechar.

Daí que o setor filantrópico, que na Bahia tem 103 instituições, vive à míngua, todas elas quase falidas. No Brasil, nos últimos dez anos, 218 fecharam.
E Temer acena com a possibilidade de cortes na saúde.

Últimas vítimas

As duas últimas instituições a fecharem na Bahia, coisa de três meses atrás, a Santa Casa de Oliveira dos Campinhos, em Santo Amaro, e a Maternidade do município, que deixou de atender o SUS.

Ironicamente, a de Oliveira é dirigida por Maurício Dias, o presidente da Federação das Santas Casas, mas ele faz a ressalva:

– No caso aí enfrentamos uma grande perseguição do prefeito (Ricardo Machado, do PT).

Frente parlamentar

Pautada pela deputada Fabíola Mansur (PSB), a Assembleia instala esta manhã uma Frente Parlamentar suprapartidária para socorrer o setor.

Maurício Dias diz que ajuda muito.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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