Publicado em 19/04/2016 às 11h05.

Isidório: ‘Deus não participa de molequeira, não participa de golpe´

O deputado condenou a justificativa de muitos parlamentares ao votarem pelo afastamento da presidente "em nome de Deus"

Rodrigo Aguiar
Foto: Rodrigo Aguiar bahia.ba
Foto: Rodrigo Aguiar bahia.ba

 

O deputado estadual Pastor Sargento Isidório (PDT) criticou os parlamentares federais que usaram o nome de Deus, durante a justificativa de votos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último domingo (17). “Deus não participa de molequeira, Deus não participa de golpe”, discursou, durante a assinatura da ordem de serviço para a requalificação de 40 ruas do Centro Antigo de Salvador, nesta terça-feira (19), ato que contou com a presença do governador Rui Costa e aliados.

Além de deputado, Isidório comanda a Fundação Dr. Jesus, localizada em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, que trabalha na recuperação de viciados em psicotrópicos e usa dogmas religiosos como metodologia terapêutica. Em outro momento de seu discurso, o neopedetista ainda chegou a se comparar ao ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. “Querem prender o Lula por causa de vinho. Lula nem vinho toma, ele é que nem eu, no passado. Gosta de uma 51. Querem prender Lula por causa de triplex. Eu já tenho três prédios”, provocou, ao se referir à sua instituição.

As críticas do pastor, no entanto, não foram as únicas direcionadas aos políticos que votaram a favor do impedimento da petista. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o vice-presidente Michel Temer, ambos do PMDB, foram os principais citados nos discursos dos presentes, que fizeram questão de classificar o processo em curso como um “golpe”.

“Uma votação conduzida pelo que há de mais atrasado na política”, disse o deputado estadual Alex Lima, do PTN, sigla que foi representada ainda com as  presenças do deputado João Carlos Bacelar e do vereador Carlos Muniz.

Em algumas falas, também houve críticas à gestão do prefeito ACM Neto (DEM), que trabalharia apenas para “um lado” da cidade, segundo os presentes, que também entendem ser “excessiva” a quantidade de placas de obras da prefeitura. O vereador Gilmar Santiago (PT) chegou a apontar que o governo precisa fazer mais publicidade das suas intervenções em Salvador.

Bancada baiana – Os políticos elogiaram a atuação da bancada baiana na votação do impeachment e foram uníssonos ao declararem que “a Bahia não aceitará retaliação”, em um eventual governo Temer. “Quem acha isso está muito enganado. O povo vai se mobilizar contra o golpe”, disse Gilmar, que fez referência à perseguição que Lídice da Mata, atualmente senadora pelo PSB, sofreu de Antônio Carlos Magalhães quando foi prefeita da capital baiana na década de  1990.

“Não vamos aceitar que pessoas condenadas, como Eduardo Cunha, conduzam esse processo”, afirmou a vereadora petista Vânia Galvão. Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A vereadora também comparou Temer a Joaquim Silvério dos Reis, traidor da Inconfidência Mineira. Analogia que tem sido bastante repetida por governistas ultimamente. O senador Otto Alencar, por exemplo, já fez a mesma comparação em relação ao peemedebista.

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