Publicado em 19/06/2017 às 08h06.

Liberação dos jogos no Brasil atola na meladeira da Lava Jato

Brasil e Japão começaram a propor, cada um ao seu Parlamento, um projeto de lei para literalmente abrir o jogo, do bicho aos cassinos. No Japão andou

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Há duas ocasiões em que o homem não deve jogar: quando não tem dinheiro e quando tem.”
Mark Twain, ou Samuel Langhorne Clemens, humorista e escritor norte-americano (1835-1910)

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

 

Em matéria de jogatina, Brasil e Japão têm muito em comum, infelizmente, nem tudo. Nos dois há loterias oficiais, mas os demais jogos, fora da lei. Lógico está que a questão não se fundamenta em questões morais. É mera disputa por mercado.

Brasil e Japão começaram a propor, cada um ao seu Parlamento, um projeto de lei para literalmente abrir o jogo, de cabo a rabo, do bicho aos cassinos.

No Japão andou. A discussão começou em 2014 e em dezembro do ano passado a lei foi promulgada. No Brasil, a discussão começou também em 2014. O projeto está no canto de uma gaveta imprensado pelo furacão da Lava Jato, na fila da pauta de votação.

Acontece que lá como cá, os magnatas da jogatina de Las Vegas, o cofre do dinheiro legal do segmento, entraram em disputa. No Japão, entre Tóquio, a cereja do bolo, sede da Olimpíada de 2020, e Osaka.

Aqui, a nossa cereja do bolo é a área do antigo Aeroclube, em Salvador.

Aeroclube, o alvo

O deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), que foi o presidente da Comissão de Regulação dos Jogos, conta que pelo menos três magnatas, Sheldon Adelson, os irmãos Fertita, ex-donos do UFC, e o grupo Cisa, já vieram a Salvador.

— Adelson sinalizou com a possibilidade de investir R$ 2 bilhões.

Ou seja, despejar R$ 2 bi no Aeroclube? Já pensou? Elmar diz que a expectativa é ver no país investimentos da ordem de R$ 40 milhões para gerar em torno de 100 mil empregos. Só falta a meleira da Lava Jato deixar.

Ilhéus, questão de honra

E já que, pela proposta no gatilho para ser votada, a Bahia tem direito a dois cassinos, onde seria o outro?

Elmar diz que não há definição, mas defende que seja em Ilhéus:

— Tem aeroporto internacional, o lugar é bonito e além disso a Bahia tem uma dívida de honra com o pessoal da região do cacau, depois da vassoura de bruxa.

O bicho na espera

No projeto que está na Câmara o jogo do bicho vislumbra as portas escancaradas para a legalização.

É tudo o que os bicheiros querem, divorciar o bicho da imagem associada ao crime organizado.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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