Publicado em 16/03/2017 às 12h11.

Lista de Janot: Neto defende Lídice e refuta ‘fazer juízo’ sobre caixa 2

“É preciso urgentemente quebrar o sigilo de tudo, porque assim todo mundo vai saber tudo o que tem. [...] Não dá para querer juntar todo mundo no mesmo balaio”, diz prefeito

Evilasio Junior
Foto: Rodrigo Daniel Silva/ bahia.ba
Foto: Rodrigo Daniel Silva/ bahia.ba

 

O prefeito ACM Neto (DEM) defendeu, nesta quinta-feira (16), a “urgente” quebra de sigilo das delações premiadas feitas por executivos da construtora Odebrecht e que basearam o pedido de abertura de 83 inquéritos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Lava Jato.

Perguntado sobre a chamada “Lista do Janot” pelo bahia.ba, após a apresentação das ações da Operação Chuva 2017, no Sheraton Bahia Hotel, no Campo Grande, o democrata argumentou que é “impossível fazer qualquer juízo de valor” e defendeu a lisura até de adversários. Nesta quarta (16), o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), os deputados federais baianos José Carlos Aleluia (DEM) e Lúcio Vieira Lima, além da senadora Lídice da Mata, tiveram o nome envolvido na relação. Todos são presidentes dos seus partidos e teriam recebido recursos ilegais da empreiteira em campanhas.

“A gente não pode avaliar exatamente o que é que está por trás. Tem que saber qual é o conteúdo. Se você me perguntar, eu tenho toda a confiança no deputado José Carlos Aleluia, na sua idoneidade, na sua integridade, como não acho, por exemplo, que a senadora Lídice da Mata cometeu nenhum ato de corrupção. Mesmo sem saber. Ela é minha adversária, não sei o que pesa contra ela, mas não acho”, opinou.

Na avaliação do gestor soteropolitano, o fato de alguém ser citado em uma colaboração “não quer dizer nada”. “O que a gente tem que aguardar é para ver quais são os elementos, o que é que foi dito, o que não foi dito. É preciso urgentemente quebrar o sigilo de tudo, porque assim todo mundo vai saber tudo o que tem. Não fica essa expectativa: ‘ah, hoje é um, amanhã é outro’. E, sobretudo, o mais grave, não dá para querer juntar todo mundo no mesmo balaio. Isso só vai prestar um grande desserviço à política brasileira. Isso só vai ajudar os corruptos. Tem gente séria que está citada na delação, e aí? Vai se condenar porque foi citado em uma delação? De maneira alguma”, declarou.

Em relação à polêmica Proposta de Emenda à Constituição que pretende perdoar as práticas de caixa 2 nas eleições anteriores, e tramita no Congresso à procura de alguém que assuma a paternidade, Neto defendeu a “tipificação do crime”, mas refutou de se manifestar sobre o que acha da anistia.

“Não existe hoje a tipificação do crime de caixa 2, que foi discutida naquele conjunto das 10 Medidas [projeto de iniciativa popular enviado ao Congresso pelo Ministério Público Federal]. Se vai passar, se não vai no Senado, aí eu não sei. Sou a favor da tipificação, porque eu acho que houve uma mudança muito clara na política brasileira, sobretudo, de dois, três anos para cá. Antes, o financiamento privado era permitido, agora não é mais, e esse é um fato novo e relevante”, disse, ao tergiversar após a insistência da reportagem se ele acha que o dinheiro “por fora” nas campanhas tem que ser punido: “Aí vai depender da Justiça Eleitoral, da Justiça comum, ou de onde forem tratados os assuntos. Eu não vou estabelecer nenhum juízo de valor prévio, porque esse assunto não cabe a mim ou a qualquer político”.

Segundo o prefeito, há uma “movimentação muito forte” em Brasília para cobrar o Congresso a aprovação de uma reforma política e o principal debate tem que ser relativo ao financiamento político. “Não vejo outro caminho neste momento, que não seja pelo financiamento público das campanhas. Da forma como está, não vai ter eleição no ano que vem. Não, pelo menos, de uma forma correta, com regras bem definidas, que possam ser fiscalizadas pela Justiça”, considerou.

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