Publicado em 05/11/2018 às 11h25.

Lua de mel de Bolsonaro também vem diferenciada

Na política, o romance é diferente

Levi Vasconcelos

Reza a tradição política que a lua de mel do governante com o poder é aquela fase entre a eleição e a posse. Tudo esperança, queixa quase zero, só afagos de pessoas e partidos atrás de cargos.

A de Jair Bolsonaro foge um pouco da regra. Primeiro, ao cogitar a fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura, algo como acasalar galinha e raposa. E agora com o convite, já aceito, a Sérgio Moro para virar o ‘Caçador de Corruptos Geral da República’.

Discursos adubados

Bolsonaro se elegeu com esse discurso, o do combate a corrupção, e óbvio que quando ele chama e Moro topa, corresponde às expectativas do seu eleitorado. Não é à toa que Moro andou recebendo palmas no avião depois de ter dito sim.

Mas também vitamina a outra banda, a do PT, com o discurso de que Moro prendeu Lula por decisão política. Do ponto de vista petista, já havia a convicção de que, ao abrir a delação de Antonio Pallocci, desancando Lula, a 15 dias da eleição, no momento em que Fernando Haddad subia nas pesquisas, Moro agora carimba o passaporte de inimigo petista número um.

Convém ressalvar que na campanha, como agora, o discurso contra a corrupção foi avassalador (ironia, o mesmo discurso que o PT tinha quando ainda era esperança). E fogo só pega em palha seca. Há, de fato, um anseio coletivo de banir tanta corrupção impune. E que Moro dê certo. O interesse maior é esse. Afinal, chega tanto ladrão.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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