Publicado em 28/08/2017 às 08h23.

Mar Grande se queixa que não tem vez e voz

As lanchas da CL Transportes Marítimos são consideradas as mais inseguras: “A Flor do Mar nós chamamos aqui de Gaiola das Loucas”, diz estudante

Levi Vasconcelos
Foto: Adenilson Nunes/ GOVBA
Foto: Adenilson Nunes/ GOVBA

 

Com a ilha de Itaparica ainda sob forte comoção, Moisés Palmierie, estudante de Serviço Social na UFBA, morador de Mar Grande, todos os dias pega a lancha para estudar em Salvador e diz lamentar:

– Acho que somos invisibilizados. Já fizemos protestos, manifestações, tudo pressionando por meia-passagem para estudantes e por melhores condições de segurança e nunca fomos vistos. Foi preciso acontecer uma tragédia dessas.

Moisés diz que nas lanchas a fiscalização é zero. Dizer que elas estão regulares, para ele, soa mal. Até porque, não tem a quem fazer reclamações. Ele diz esperar que a Agerba ponha fiscais. E que a Capitania olhe que muitas vezes as lanchas andam superlotadas.

– E pensar que eu poderia ser um deles (dos mortos)… A passagem é cara. Somos tratados como mercadoria, não como vidas.

Apoio ao Ministério Público

Almir Pereira, funcionário aposentado do Banco do Brasil, diz que Mar Grande inteira sabe que as lanchas da CL Transportes Marítimos, a Cavalo Marinho 1 (a do acidente), a Cavalo Marinho 2 e a Flor do Mar, são as mais inseguras:

– A Flor do Mar nós chamamos aqui de Gaiola das Loucas.

Ele diz que Mar Grande bateu palmas para a decisão do Ministério Público de responsabilizar órgãos públicos e empresários pela tragédia de quinta-feira. E ironizou:

– Culpar uma onda é muita onda.

E por conta disso a população impediu a restauração do serviço, embora a Agerba tenha autorizado.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.