Publicado em 15/03/2019 às 11h35.

Maragogipe, a história de uma tragédia baiana que passa quase despercebida

O crime dominou a cidade

Levi Vasconcelos
Foto: Carol Garcia/Gov-BA
Foto: Carol Garcia/Gov-BA

 

Maragogipe, um dos mais pujantes municípios baianos na época do Brasil-Colônia, vive intensa expectativa com a possibilidade da volta à ativa do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, da Odebrecht e da japonesa Kawasaki, fechados em 2013 no rastro da Lava Jato.

O fechamento em 2013 espalhou uma história de horror e dor. A Prefeitura perdeu mais de R$ 5 milhões de receita, empobreceu. Hotéis e pousadas novinhos, em São Roque do Paraguaçu, onde fica o estaleiro, e na vizinha cidade de Salinas da Margarida, viraram ruínas. Mas o pior, segundo o ex-prefeito Sílvio Ataliba, é o rescaldo no lado social. O tráfico de drogas tomou a cena e o resultado é uma carnificina:

— De 2013 até outubro do ano passado, quando aconteceu o último crime, 203 jovens, a maioria abaixo de 19 anos, morreram assassinados. E não foram assassinatos comuns, dizer que houve uma briga. Foi sempre tiro na testa.

No fim do túnel

É por conta disso que o clima em Maragogipe com a licitação que a Marinha vai realizar na próxima quinta-feira para a construção de sete navios se divide entre a euforia e a expectativa. Segundo Sílvio, caso a Odebrecht vença, como todos torcem, o Enseada vai voltar a operar com apenas 25% da sua capacidade:

— Mas é bem melhor. Pelo menos há a esperança de sairmos do cenário de horror.

Obs: o massacre na escola de Suzano, em São Paulo, só amplia o nosso já vasto cabedal de tragédias.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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