Publicado em 24/05/2016 às 13h00.

Meirelles prevê economia de R$ 7 bi com antecipação do BNDES

Meirelles disse que a devolução dos recursos não tem impacto nas receitas primárias, mas tem impacto na diminuição do endividamento público

Ana Lucia Andrade
Meirelles na coletiva sobre medidas econômicas em 24 de maio Foto Estadão conteúdo
Meirelles na coletiva sobre medidas econômicas em 24 de maio Foto Estadão conteúdo

 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estimou em cerca de R$ 7 bilhões a economia para os cofres públicos com a antecipação de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro Nacional. A estimativa dada em entrevista coletiva diz respeito à diferença entre a taxa que o Tesouro paga para captar os recursos e o que recebe do BNDES.

Meirelles disse que a devolução dos recursos não tem impacto nas receitas primárias, mas tem impacto na diminuição do endividamento público, uma vez que, com os recursos do BNDES, o Tesouro vai reduzir a emissão de títulos para o pagamento da dívida. “Estamos tendo como missão hoje a redução da dívida pública”, afirmou.

O ministro da Fazenda disse que a antecipação dos recursos do BNDES ao Tesouro levou em conta toda a programação de investimentos e crédito do banco de fomento para os próximos dois anos e o que foi feito nos anos anteriores. “Esses recursos, de fato, estavam ociosos, e estariam ociosos, causando um custo desnecessário ao Tesouro Nacional, que está se financiando no mercado”, afirmou. “Estamos fazendo uma boa gestão das contas públicas”.

Detalhamento – Meirelles explicou o cronograma de antecipação dos R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro Nacional. Imediatamente, serão transferidos R$ 40 bilhões. Depois de um ano, mais R$ 30 bilhões e, no segundo ano, outros R$ 30 bilhões.

“O BNDES tem caixa suficiente não só para efetuar a devolução desse excesso de recursos, mas cumprir todo o cronograma de empréstimos e participação no programa de concessões”, reiterou Meirelles.

Ele reforçou que o banco de fomento terá papel no novo programa de concessões do governo do presidente em exercício Michel Temer “Dentro dessa avaliação, com cronograma e fluxo de caixa, o BNDES chegou à conclusão de que esses recursos estariam ociosos por esse período”, afirmou.

Rapidez – Meirelles disse que as medidas do governo ainda passarão por uma análise jurídica rigorosa. Ele insistiu que é importante agir rápido, mas enfatizou que as medidas precisam ser eficazes. Aos líderes que participaram da reunião desta terça-feira, Meirelles disse que está totalmente aberto para o diálogo com o Congresso.

E voltou a falar da necessidade de conter o avanço das despesas públicas para garantir solvência da dívida pública no médio e longo prazos.

Queda nas despesas – O ministro da Fazenda previu uma queda de 1,5% a 2% em três anos das despesas do governo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) com a criação de um teto para o gasto. Segundo ele, será a primeira vez que isso acontece desde a Constituição. Informou também que a criação do teto, que impede o crescimento real da despesa, vai demandar medidas complementares.

Meirelles disse que será apresentada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que vai vincular os gastos de educação e saúde à evolução do teto de gastos. Isso permitirá que o teto seja obedecido.

O ministro afirmou que mais importante do que cortes pontuais de despesas temporárias e que tenham efeito limitado, como o que se fez muita no passado. Ele disse que mais importante é uma mudança estrutural nas despesas.

Meirelles disse que o teto terá o “efeito da maior seriedade”,caso seja aprovado pelo Congresso. O ministro ressaltou que despesas tiveram um crescimento real de 180% entre 1997 e 2015. “Isso faz necessidade de cortes importantes”, afirmou.

Ele enfatizou ainda que o crescimento nominal zero das despesas, com a implementação do teto, representará uma fato de grande importância e que sinaliza, junto com o corte de subsídios, um programa de controle de despesas que terá efeito continuado.

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