Publicado em 16/06/2016 às 09h10.

Na Bahia, Dilma teve e tem o seu maior apoio, coisa que ela não viu antes

Dilma teve na Bahia, em 2014, a sua maior vitória. Na hora de montar o governo, privilegiou São Paulo, onde ela teve a sua maior derrota

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Noventa por cento dos políticos dão aos 10% restantes uma péssima reputação”

Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA (1923)

(Foto: Manu Dias/GOVBA).

 

Ainda hoje, a minoritária banda baiana dos aliados de Michel Temer se queixa: os baianos foram “o pior exemplo” para o país na votação do impeachment.

Pior exemplo, óbvio, do ponto de vista deles. Do de Rui Costa, é o inverso, o exemplo único e contundente de liderança num cenário de terra arrasada.

E é justamente a Bahia, por irônico que possa parecer, o grande espelho para expor a vastidão da incompetência política demonstrada na votação do impeachment, quando Dilma, com a força da máquina, não conseguiu segurar 173 deputados num conjunto de 513.

Ora, Dilma teve na Bahia, em 2014, a sua maior vitória. Na hora de montar o governo, privilegiou São Paulo, onde ela teve a sua maior derrota, logo de cara, colocando Aloísio Mercadante na Casa Civil, quando tinha Jaques Wagner, mais hábil e competente para a missão de fazer a articulação política, na mão.

Aliás, foi por isso que o senador Walter Pinheiro, agora secretário de Educação, saiu do PT. Cansou de ser tratado com desdém por Mercadante e Cia.

Na outra rampa

Mesmo assim, os baianos não largam Dilma. Isso é que é amor.

A chegada de Dilma na Assembleia hoje está prevista para o meio dia. Vai ser recepcionada na rampa, a da casa, por baianas trajadas a rigor e grupos de capoeira.

Detalhe: a imprensa não terá acesso. Como estará vetada também no Salão Nobre.

Cá para nós: e Dilma está com essa bola toda para vetar a imprensa assim?

 

(Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados)
(Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados)

 

Dias de pop star

Vencedor da queda de braço que travou com Eduardo Cunha, o deputado José Carlos Araújo (PR), presidente do Conselho de Ética da Câmara, admite: em termos de popularidade, lucrou com o caso.

— Foi uma grande vitória. Hoje o Brasil todo me conhece. Aonde eu ia, todo mundo me abordava: “Vai tirar Cunha?”. E agora, aonde eu vou, todos querem tirar foto comigo, com selfie, virei pop star.

José Carlos diz que esperava um placar de 10 a 10, caso em que ele votaria para desempatar. “Tia Eron já tinha dado sinais”.

E o governo tentou ajudar Cunha?

— Recuou ontem (anteontem), quando viu que não tinha mais jeito.

Os Bacelar

Além de José Carlos Araújo e Tia Eron, outros três baianos foram protagonistas no caso Eduardo Cunha. Dois são os primos Bacelar, João Carlos Bacelar Filho (PR), e João Carlos Bacelar Batista (PTN).

O primeiro, pró-Cunha, votou contra a cassação dizendo que votava “com a consciência”. E o segundo, contra Cunha, foi deletado da CCJ pelo PTN (esperneando muito) para ceder a vaga a um aliado de Cunha.

O outro foi Elmar Nascimento (DEM), que ontem renunciou à relatoria da CCJ para não meter a mão na tal cumbuca.

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil).

 

Epigrama do Cunha

Em vias de ter o processo de cassação consumado pela Câmara, após sucessivas postergações que duraram oito meses, fruto de sucessivas manobras, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara afastado, caiu na caneta do poeta Antônio Lins, que o epigramou:

Sem dissídio, com testemunha,
O julgamento é sumário:
Noutro país este Cunha
Seria um presidiário.

Matéria-prima

Diz o deputado Luciano Ribeiro (DEM) que, se Walter Pinheiro, o novo secretário de Educação de Rui Costa, quer mesmo trabalhar, matéria-prima não vai faltar.

Em Tanhaçu, lembra ele, boa parte dos alunos está sem aulas e, em Caculé, há professores excedentes, mas faltam professores em algumas escolas.

— Isso se vê em toda a Bahia. Agora Rui e Pinheiro estiveram em Ibiassucê e testemunharam o que estou dizendo.

(Foto: Antonio Saturnino/Bahia.ba).

 

Forró zero

O concorrido forró da Assembleia, que acontece há mais de 16 anos, este ano foi para o espaço. Motivo: a crise. Marcelo Nilo, o presidente, diz que os funcionários vão ficar sem a festa, mas em compensação, poupará R$ 200 mil.

Ele cogita fazer cortes também em outras despesas. Só não definiu ainda onde.

Encontro adiado

A sessão especial que a Assembleia faria hoje para homenagear o centenário do engenheiro Vasco Neto foi adiada para o dia 3 de agosto, após o recesso, em julho.

A questão: Dilma roubou a cena. A votação da LDO também estava. Não vai dar. Fica para a próxima semana.

Concorrência oficial

Mas hoje, às 10h, antes da entrega do título de Cidadã Baiana a Dilma, quem recebe a mesma honraria é o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, iniciativa do deputado Antônio Henrique Júnior (PP).

Pelo visto, a solenidade vai ser bem rápida. Até porque a concorrência é desleal.

SUS em debate

A estagnação dos valores repassados pelo SUS, que está deixando instituições filantrópicas à beira de um ataque de nervos, é o tema do debate que o Ministério Público realiza segunda (9h) em sua sede no CAB.

Representantes das Obras Sociais de Irmã Dulce e do Martagão Gesteira irão lá expor os seus dramas.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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