Publicado em 06/12/2018 às 11h05.

Na reforma de Rui, o perigo vem da insatisfação dos auditores fiscais

Nem precisariam fazer greve, basta o corpo mole, e o baque seria bem maior do que a economia pretendida

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A mais perigosa criação no mundo, em qualquer sociedade, é um homem sem nada a perder”

Malcolm X, ativista negro dos EUA (1925-1965)

Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook

 

Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que Rui Costa enviou para a Assembleia estabelecendo o teto salarial estadual ao salário do governador, de pouco mais de R$ 22 mil, virou o grande abacaxi do pacote da reforma.

O caso: ela atinge em cheio os auditores fiscais, que ganham pelo teto federal. E a PEC veio justamente no momento em que eles estavam numa expectativa oposta, a de pongar no efeito cascata da decisão do STF que subiu o teto de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil.

Exemplo Martins

Os auditores não aceitam, apesar das promessas de que a diferença seria compensada com vantagens. Muitos estão perto de se aposentar, dizem eles, e só teriam a perder. E alguns cogitam antecipar as aposentadorias.

O deputado Zé Neto (PT), líder do governo na Assembleia, diz ter passado a manhã ontem debruçado sobre o caso.

O que bota lenha na fervura é o fato de que os auditores são responsáveis por 86% da arrecadação de ICMS do Estado, um setor crucial para qualquer governo. Nem precisariam fazer greve, basta o corpo mole, e o baque seria bem maior do que a economia pretendida.

O governo já tem um precedente. No primeiro governo de Jaques Wagner, Carlos Martins era o secretário da Fazenda e entrou em litígio com os auditores. A arrecadação desabou, Martins teve que sair. Agora, quando os níveis de arrecadação estão voltando aos patamares anteriores, vem a PEC.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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