Publicado em 15/10/2016 às 08h10.

‘Não temos que submeter o partido à tutela’ de Lula, diz Cardozo

"A instância partidária foi esvaziada em conteúdo e significado político, passando a ser uma agregação de disputa de poder voltado a mandar”, admite ex-ministro

Redação
Brasília - O Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, durante sessão da Comissão Especial do Impeachment do Senado.  (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília – O Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, durante sessão da Comissão Especial do Impeachment do Senado.
(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo (PT), criticou o seu próprio partido, após participar do “ato em defesa da democracia, contra o golpe à Constituição”, nesta sexta-feira (14), na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Em entrevista ao jornal A Tarde, o petista disse que a sigla precisa fazer “uma profunda reflexão” para superar a “síndrome de partido tradicional”, que culminou no afastamento do campo tradicional da esquerda e na derrota nas urnas nas eleições deste ano. “Nós perdemos. Nós voltamos nossos quadros para os governos, fazemos discussões nos governos e não discutimos no partido. A instância partidária foi esvaziada em conteúdo e significado político, passando a ser uma agregação de disputa de poder voltado a mandar”, admitiu.

Sobre a hipótese de a agremiação apostar em uma vitória do ex-presidente Lula, na disputa presidencial de 2018, para se reerguer, Cardozo afirmou que a legenda não pode se limitar a orbitar em torno de uma figura. “Lula foi uma liderança que sobressaiu dentro do PT, mas não temos que submeter o partido à tutela de uma liderança. Tem que ter lideranças como o Lula, que nasceram de um conjunto de somatório de forças políticas e que são expressão de um certo momento da nossa ação”, declarou.

Cogitado, ao lado do ex-governador baiano Jaques Wagner e do senador Lindberg Farias (PT-TJ), para ser o novo comandante do PT, em lugar de Rui Falcão, Cardozo negou ter interesse em disputar a presidência do partido.

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