Publicado em 10/07/2018 às 18h24.

No caso do juiz petista que queria soltar Lula, PT ganha, Justiça perde

Ou seja, vitaminou o PT. E a Justiça ficou devendo

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A monarquia degenera em tirania, a aristocracia em oligarquia e a democracia em anarquia”

Políbio, historiador da Grècia antiga (200 a.C. – 118 a.C.)

Foto: Ricardo Stuckert
Foto: Ricardo Stuckert

Quem mais perdeu com o furdunço jurídico do caso de Lula foi o Judiciário. Perdeu pela insegurança jurídica que o episódio sugere com direito à dúvida estabelecida: se com Lula, um personalidade pública, foi assim, o que será que não acontece por aí afora com condenados que não têm lá tanta notoriedade assim?

Até parece surreal: um desembargador de plantão, o Rogério Favretto, que tem todo um histórico ligado ao PT, decide soltar Lula, passando por cima de uma decisão colegiada. O juiz Sérgio Moro, o da Lava Jato, que é de primeira instância, mesmo de férias, se insurgiu contra a decisão, que é de instância superior, até o presidente do TRF-4, Thompson Flores, decidir pela manutenção da prisão.

Marcelino com a palavra

Óbvio que o desembargador Favretto, para além da discussão sobre sua competência ou não para tomar a decisão, deveria julgar-se impedido, até pelo passado petista.

Mas politicamente o PT só ganhou. Sérgio Moro, dizem os juristas, deu munição para eles pedirem a suspeição. E no seio do partido, deputados como Marcelino Galo, da esquerda petista, diz que o episódio mostra que a estratégia petista de manter Lula candidato estava corretíssima:

— Rasgaram as fantasias. Pegar um juiz de férias para resolver isso é sintomático. Só a queda da Bastilha para resolver. A estratégia correta é essa: é Lula, Lula e é Lula.

Ou seja, vitaminou o PT. E a Justiça ficou devendo.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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