Publicado em 04/08/2017 às 08h33.

O toma lá, dá cá de Temer é coisa velha. Só os ingênuos se espantam

Para pontuar: só se escandaliza com o toma lá dá cá do jogo federal quem não conhece os bastidores da mandinga. Sempre foi assim

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A corrupção na administração pública agora é organizada, quase partidarizada. Uma barbaridade inaceitável”
Mário Covas, ex-governador de São Paulo (1930-2001).

Foto: Beto Barata/PR
Foto: Beto Barata/PR

 

Para pontuar: só se escandaliza com o toma lá dá cá do jogo federal quem não conhece os bastidores da mandinga. Sempre foi assim. Em 1997 Fernando Henrique Cardoso queria aprovar o direito da reeleição e dois deputados do Acre, Ronivon Santiago e João Maia, tiveram que renunciar porque numa gravação um deles confessou que ambos receberam R$ 200 mil agenciados pelo ministro Sérgio Mota, o Serjão, autor da célebre frase É dando que se recebe.

Claro que com Temer isso ganhou visibilidade intensiva porque envolve o próprio num caso de acusação de corrupção. Mas apenas ele jogou o jogo de sempre, o mesmo jogo que Dilma não soube jogar.

Em meados de 2014, na pré-campanha, Dilma nos deu uma entrevista no Hotel Pestana, a mim, pela Tudo FM, e a Mário Kertész, pela Metrópole. Era num tempo em que o PR pressionava para tirar César Borges, ex-senador baiano, do Ministério dos Transportes. Fim de entrevista, conversa informal com o então governador Jaques Wagner, surge o papo de César. Nos pedindo reservas, ela reagiu:

— Você não vê que eu não vou tirar o César para atender um pedido de alguém que está preso na Papuda!

Referia-se a Valdemar Costa Neto, o dono do PR, então preso na Papuda por conta do mensalão. Acabou atendendo.

Hoje Dilma se gaba que não sabia jogar o toma lá dá cá de Temer. E é verdade. Por isso dançou com os mesmos atores da Câmara que agora absolvem Temer.

Até o Brasil tomar jeito ainda há longa estrada a percorrer.

Pedido atendido

De Rui Costa, sobre o afastamento de Fernando Torres da Secretaria de Desenvolvimento Urbano para ir a Brasília votar no caso de Temer:

— Há mais de 15 dias ele tinha me pedido para participar deste momento histórico.

O PCdoB esperneou, já que Davidson Magalhães, que é suplente, acabou rifado, junto com Robson Almeida (PT), já que o secretário Josias Gomes também saiu.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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