OAB e Igreja criticam reforma da Previdência e pedem auditoria
Conforme as entidades "sem números seguros e sem a compreensão clara da gestão da Previdência, torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta" sobre as mudanças no sistema
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), representante da Igreja Católica, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Economia (Cofecon) publicaram nesta quarta-feira (19) uma nota conjunta na qual criticam a reforma da Previdência proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB) e pedem a realização de uma auditoria nas contas da Previdência Social.
Conforme as entidades “sem números seguros e sem a compreensão clara da gestão da Previdência, torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta” sobre as mudanças no sistema.
Ainda na nota, as entidades criticam a falta de discussão do tema e a velocidade com o qual o governo tenta aprová-lo no Congresso. “A reforma da Previdência não pode ser aprovada apressadamente, nem pode colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem econômica na frente acima das necessidades da população. Os valores ético-sociais e solidários são imprescindíveis na busca de solução para a Previdência”, diz o texto.
O governo, por sua vez, nega que a reforma da Previdência vá prejudicar a população mais pobre. Na última terça-feira (18), Temer afirmou que esse é um argumento “mentiroso.
Leia a nota na íntegra:
“POR UMA PREVIDÊNCIA SOCIAL JUSTA E ÉTICA
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB e o Conselho Federal de Economia-COFECON, conscientes da importância da Previdência Social para o povo brasileiro, e preocupados com a proposta de reforma encaminhada pelo Executivo ao Congresso Nacional, vêm, conjuntamente, reiterar sua posição sobre a Reforma da Previdência-PEC 287/2016.
Nenhuma reforma que afete direitos básicos da população pode ser formulada, sem a devida discussão com o conjunto da sociedade e suas organizações. A Reforma da Previdência não pode ser aprovada apressadamente, nem pode colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem econômica acima das necessidades da população. Os valores ético-sociais e solidários são imprescindíveis na busca de solução para a Previdência.
As mudanças nas regras da Seguridade Social devem garantir a proteção aos vulneráveis, idosos, titulares do Benefício de Prestação Continuada-BPC, enfermos, acidentados, trabalhadores de baixa renda e trabalhadores rurais. Atenção especial merecem as mulheres, particularmente na proteção à maternidade.
Sem números seguros e sem a compreensão clara da gestão da Previdência, torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta, motivo pelo qual urge uma auditoria na Previdência Social. Não é correto, para justificar a proposta, comparar a situação do Brasil com a dos países ricos, pois existem diferenças profundas em termos de expectativa de vida, níveis de formalização do mercado de trabalho, de escolaridade e de salários. No Brasil, 2/3 dos aposentados e pensionistas recebem o benefício mínimo, ou seja, um salário mínimo e 52% não conseguem completar 25 anos de contribuição.
A PEC 287 vai na direção oposta à necessária retomada do crescimento econômico e da geração de empregos, na medida em que agrava a desigualdade social e provoca forte impacto negativo nas economias dos milhares de pequenos municípios do Brasil.
É necessário que a sociedade brasileira esteja atenta às ameaças de retrocesso. A ampla mobilização contra a retirada de direitos, arduamente conquistados, perceptível nas últimas manifestações, tem forçado o governo a adotar mudanças. Possíveis ajustes necessitam de debate com a sociedade para eliminar o caráter reducionista de direitos.
As entidades infra firmadas convidam seus membros e as organizações da sociedade civil ao amplo debate sobre a Reforma da Previdência e sobre quaisquer outras que visem alterar direitos conquistados, como a Reforma Trabalhista. Uma sociedade justa e fraterna se fortalece, a partir do cumprimento do dever cívico de cada cidadão, em busca do aperfeiçoamento das instituições democráticas.”
Mais notícias
-
Política
16h14 de 24 de abril de 2024
Jerônimo autoriza restauração de 19 vias no Polo Industrial
Governador informou durante reunião com líderes empresariais e representantes locais
-
Política
15h59 de 24 de abril de 2024
Haddad se reúne com Lula para definir entrega de projeto da reforma tributária
Provavelmente haverá uma entrega antes da divulgação, em respeito ao Parlamento, diz ministro
-
Política
15h46 de 24 de abril de 2024
Jaques Wagner adia votação do novo DPVAT no Senado
O novo projeto de lei pode liberar um crédito de R$ 15,7 bilhões em créditos suplementares
-
Política
15h43 de 24 de abril de 2024
André Janones diz que rachadinha era ‘voluntária’ e alega perseguição
Defesa do parlamentar pede arquivamento do processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara
-
Política
15h41 de 24 de abril de 2024
Moraes diz que não há elementos de que Bolsonaro buscou asilo diplomático em embaixada
Estadia levantou suspeitas de que o ex-presidente poderia estar visando se proteger de investigações policiais
-
Política
15h11 de 24 de abril de 2024
Deputado prevê relatório em um mês para projeto de motoristas de app
Relator do projeto de motoristas de app, Augusto Coutinho prepara reunião com governo Lula
-
Política
15h09 de 24 de abril de 2024
Salvador está no ranking das cinco cidades mais visitadas por ministros de Lula
Já foram realizadas 1.600 viagens para a capital baiana desde o começo do terceiro mandato do presidente
-
Política
14h44 de 24 de abril de 2024
Leo Prates é eleito vice-presidente da Comissão de Trabalho e titular da Comissão de Orçamento
"Agradeço aos colegas deputados pela confiança no meu trabalho", disse deputado
-
Política
14h37 de 24 de abril de 2024
Rui Costa assume articulação com o Congresso após cobranças de Lula
O presidente brasileiro fez cobranças públicas ao ministro da Casa Civil
-
Política
14h31 de 24 de abril de 2024
CCJ do Senado aprova projeto que amplia cotas raciais para concursos
Proposta ainda passará por nova votação na comissão