Publicado em 12/04/2017 às 19h12.

Odebrecht diz que ‘pendências’ com Wagner quase impedem doações a Rui

bahia.ba apurou que a Braskem, petroquímica da empreiteira, doou quase R$ 729 mil ao petista em 2014; empresário cita “recebível” que teria resolvido “pleito” da Fonte Nova”

Evilasio Junior
Foto: Manu Dias/GOVBA
Foto: Manu Dias/GOVBA

 

O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, relatou, em delação premiada, conforme vídeo divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Estadão, dificuldades em cumprimentos de supostos acordos feitos entre a empreiteira, a petroquímica do grupo, Braskem, e o governo do Estado.

Tais “pendências” quase inviabilizaram a contribuição do conglomerado ao então candidato Rui Costa (PT), atual governador do Estado, na campanha de 2014. Apuração feita pelo bahia.ba no sistema de prestação de contas eleitoral do TSE demonstra que o petista recebeu R$ 200 mil da construtora e R$ 729.342,50 da Braskem, em cinco repasses diferentes de R$ 351,5 mil, R$ 116.992,50, R$ 250 mil, R$ 850 e R$ 10 mil.

A partir de 6 minutos da filmagem, o empresário afirma não conhecer “detalhes específicos” sobre as doações, se também teriam ocorrido via caixa 2, mas reforça a “relação conflituosa” alegada pelo ex-governador Jaques Wagner, alvo de petições na lista de Fachin, em sua defesa.

“A gente contribuiu na campanha de 2010. Na campanha de 2014, havia pendências com o governo da Bahia, então a disposição dos nossos empresários era basicamente não fazer nenhuma contribuição, pela quantidade de pendências com o governo do Estado, ao sucessor do Jaques. ‘Não dá para se fazer com tanta pendência, se o cara está deixando, você está deixando’… e aí acabou se resolvendo algumas pendências. É aquela história que foi a questão do recebível, que resolveu o pleito da Fonte Nova, a meu modo de ver, as duas coisas legítimas, mas uma conduta ilegítima. Porque você é obrigado a condicionar um apoio para resolver uma coisa que é de seu direito. Isso foi em 2014 e foi resolvido no âmbito da construtora”, afirmou, sem especificar o que teria solucionado o imbróglio citado na construção do estádio, até hoje administrado pelo consórcio da Odebrecht com a OAS.

Em relação à campanha do próprio Wagner, em 2010, ele citou o já conhecido episódio de flexibilização da lei do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços no estado como condicionante para aplicação de recursos na campanha.

“[…] Eu me recordo que um dos grandes temas que a gente tinha na época era a questão de resolver o problema do ICMS, que, novamente, era uma questão que a gente tinha no Brasil todo, cada estado foi viabilizando de uma maneira de resolver o problema das empresas exportadoras. Foi feito um acordo. […] A Braskem, por exemplo, tinha problema no fornecimento de gás, e eu sei que o que permitiu que a Braskem aceitasse contribuir com a eleição de 2010 foi a solução do tema ICMS, que era legítimo. Se não tivesse resolvido isso a Braskem teria entesado (sic). […] Com toda a certeza, a negociação, por se tratar de Jaques, foi conduzida por Claudio”, afirmou, sobre o ex-executivo da empresa, Claudio Melo Filho, responsável por conduzir diversas negociações com políticos baianos.

Marcelo Odebrecht diz ter conhecimento de que “talvez mais” de três quartos de toda doação eleitoral da Braskem seria via caixa 2 e sentencia: “Não tinha empresa no Brasil que não fizesse caixa 2 de campanha, e a Braskem tinha que gerar recursos de caixa 2”.

Confira o vídeo:

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