Publicado em 14/04/2016 às 09h08.

Os pecados capitais que matam o governo, segundo Otto Alencar

Para o senador, um desses erros foi o recesso prolongado do STF, que demorou dois meses gerando, nesse período, crescimento da crise econômica e insatisfação

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”

John Galbraith, economista e escritor norte-americano (1908-2006).

Otto Alencar Fotos: Bruno Ricci / Secom GOV/BA
Otto Alencar (Fotos: Bruno Ricci / Secom GOV/BA)

 

Na avaliação do senador Otto Alencar (PSD), o governo Dilma cometeu dois erros capitais, que geraram a situação, somados a mais um, fruto do mal elaborado sistema político brasileiro. Ei-los:

1 – Na eleição de Eduardo Cunha, lançou como candidato contra, o petista Arlindo Chinaglia. Feriu a fera.

2 – O recesso prolongado. O STF demorou dois meses para ditar o rito do impeachment e atrasou a instalação do processo. Nesse período, a crise econômica cresceu e vitaminou a insatisfação.

3 – O grande número de partidos, que ele chama de geléia geral; 35 já organizados, 27 deles com representantes na Câmara, alguns com apenas um, o que dificulta a governabilidade de qualquer um.

E conclui ele:

– A única coisa que podemos dizer no momento é que Eduardo Cunha está salvo. Pode até sair da presidência da Câmara, mas dificilmente perde o mandato.

Em suma, a imunidade parlamentar virou impunidade. Os políticos com mandatos federais, detentores do foro privilegiado, só podem ser julgados pelo STF, que nunca julga.

O dono da bola

Otto Alencar diz também que o homem da República é Eduardo Cunha, o presidente da Câmara.

É réu em 22 processos – seis deles oriundos da Lava Jato – e, ao invés de ser incomodado, controla a Câmara como nunca se viu:

— O processo contra ele, no Conselho de Ética, tem cinco meses e está parado. O do impeachment de Dilma tem três semanas e já vai ser votado. É impressionante.

Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Foto: Gustavo Lima / Câmara dos Deputados

Onde está o podre?

De fato, Cunha, um corrupto carimbado, comanda o impeachment de uma presidente sobre a qual nada se diz no pessoal.

Tal situação suscita uma pergunta instigante: Dilma está tão mal assim que consegue até ofuscar o olhar da nação sobre Cunha ou é a representação política que apodreceu de vez?

Decida você.

Lama

Um conhecido parlamentar baiano, em Brasília, diz que para cada situação há uma música. Para a situação atual, o imbróglio entre Dilma, Michel Temer e Eduardo Cunha, a mais indicada é Lama, cantada por Maria Bethânia. Eis a letra:

Se eu quiser fumar, eu fumo
Se eu quiser beber, eu bebo
Não me interessa mais ninguém
Se o meu passado foi lama
Hoje quem me difama
Viveu na lama também …

Comendo a mesma comida
Bebendo a minha bebida
Respirando o mesmo ar
E hoje, por ciúme ou por despeito
Achar-se com o direito
De querer me humilhar

Quem foste tu?
Quem és tu?
Não és nada!
Se na vida fui errada

Tu foste errado também
Se eu errei, se pequei,
Não importa!
Se a esta hora estou morta,
Pra mim, morreste também!

Pressão em rede

Os 37 deputados do PP decidiram desembarcar do governo com as restrições dos quatro baianos, Cacá Leão, Roberto Brito, Mario Negromonte Jr. e Ronaldo Carletto.

Resultado: eles têm recebido um turbilhão de mensagens pelas redes sociais pedindo que votem a favor do impeachment.

O placar está dando: Cacá, 500 mil; Roberto Brito, 520 mil; e Carletto, o campeão, 600 mil.

No Farol

E eis que até o Farol da Barra entrou no rolé do impeachment. O xis da questão: grupos governistas e opositores pediram a SSP proteção policial para manifestações pró e contra o governo domingo no Farol da Barra.

O impasse dos dois pedidos gerou rebu. Os contra, acusaram o governo de boicote, dizendo que sempre fizeram manifestações lá e chegaram a montar um telão, também que já anunciando a manifestação há algum tempo, mas a SSP ponderou: fica quem pediu primeiro.

Os governistas chegaram 24 horas antes.

Hari Alexandre Brust (Foto Mateus Pereira / Secom Gov/BA)
Hari Alexandre Brust (Foto Mateus Pereira / Secom Gov/BA)

Caso Vanádio

Sobre a nota ‘Mais crise’, ontem publicada, relatando problemas que a Vanádio Maracás, subsidiária da Largo Resources, estaria enfrentando, Alexandre Brust, presidente da Companhia Bahiana de Pesquisas Minerais (CBPM), diz que conversou com Paulo Misk, novo presidente da empresa, e esclarece o seguinte:

1 — Desde que começou a operar, em maio de 2014, a Vanádio jamais atrasou salários.

2 — Os R$ 555 milhões citados na nota referem-se ao total dos investimentos da mineradora. A recente negociação com os bancos diz respeito apenas ao refinanciamento do serviço da dívida.

3 —O mercado ontem fechou a US$ 6,6 por tonelada, superior aos custos de produção.

Myriam, in memoriam

A poetisa Myriam Fraga, ex-diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, falecida em fevereiro, vai ser homenageada hoje (18h), in memoriam, pela Associação Comercial da Bahia (ACB).

O diretor da ACB, Arthur Guimarães Sampaio, comanda a solenidade.

Prêmio à boa gestão

A Cooperativa Educacional de Eunápolis (Cooeduc), na categoria Serviços de Educação, e o restaurante Tedesco, de Santo Antônio de Jesus, na categoria Serviços de Turismo, ganharam a etapa nacional do MPE Brasil (Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas).

Com concorrentes de todo o país, mostraram ter as melhores práticas de gestão.

Lar Harmonia

A Fundação Lar Harmonia realiza, de segunda (18) a domingo (24), a XII Semana Espírita. Na abertura, às 18h de segunda, haverá a comemoração dos 18 anos do Centro Espírita Harmonia.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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