Publicado em 28/01/2017 às 11h03.

Otto acusa Nilo de fraturar base e secretário de Rui de assédio

Senador diz que chefe de gabinete de Rui Costa, Cícero Monteiro, telefonou a deputados para dizer que o candidato do governo na Assembleia é Marcelo Nilo

Evilasio Junior
Foto: Juliana Andrade/AL-BA
Foto: Juliana Andrade/AL-BA

 

Diante do impasse na base do governador Rui Costa, que hoje tem três candidatos a presidente na Assembleia Legislativa, o senador Otto Alencar, chefe estadual do PSD, procurou o bahia.ba para fazer uma “retrospectiva” dos fatos que antecedem a sucessão e se livrar da pecha de que ele seria o causador da cizânia.

Segundo o parlamentar, o primeiro postulante a colocar o nome em disputa foi o deputado Luiz Augusto (PP), em outubro do ano passado, em uma reunião com o vice-governador João Leão, que comanda a sigla no estado, e o próprio governador Rui Costa.

“Naquela oportunidade, o governador não disse que ele não poderia se candidatar. Pelo contrário, afirmou que ainda não tinha candidato”, afirmou.

À época, o atual comandante da Casa, Marcelo Nilo (PSL), dizia que não tinha decidido se iria tentar o sexto mandato.

Diz Otto que, pouco depois, Nilo teria incentivado Adolfo Menezes (PSD) a lançar o nome como seu postulante. “Depois que Adolfo começou a se movimentar, estranhamente Nilo o acusou de traição”, disse.

O partido então, conforme o senador, se motivou a entrar no jogo e convenceu Ângelo Coronel, em novembro, a sair candidato.

“O PSD ou qualquer outro partido da base não tem direito a aspirar à presidência da Assembleia? Nós fomos fiéis no impeachment. Todos os nossos deputados federais defenderam Dilma”, rememorou.

O senador admite que a eleição no Legislativo causou desgaste na base, mas alega que a responsabilidade não é do PP, nem do PSD.

“Se tem algum culpado pela diáspora e pela fratura na base, é Marcelo Nilo. Se ele lançasse Adolfo ou Nelson Leal, tenho certeza que não haveria resistência. Essa usura dele pelo poder, de achar que se ele voltar a ser um deputado comum perderá protagonismo, demonstra uma falta de sentimento de grupo. Por que só pode ser ele?”, indagou Otto, para quem a continuidade do atual presidente abre um precedente perigoso.

“O que está em jogo é a possibilidade de reeleição interminável. Os deputados que votarem nele abrem uma brecha para que o próximo presidente siga o exemplo de Nilo. Não tenho nada pessoal contra ele, tanto é que o apoiei cinco vezes e nunca questionei os seus atos e o seu decoro como presidente, mas isso é uma afronta à democracia”, opinou.

De acordo com o senador, o próprio PT tem apoiado Nilo com medo de um “crescimento” do PSD para 2018, o que ele diz “não ter fundamento”.

“Agora mesmo, Eures Ribeiro [prefeito de Bom Jesus da Lapa] ganhou a UPB e eu disse a ele que ele era candidato do governo, não do PSD, e teria que agradecer ao governador. Tem foto e tudo. Eu ajudei a fazer Luiz Caetano (PT) presidente da UPB duas vezes, Maria Quitéria (PSB) duas vezes e nunca pisei os pés na UPB. Não sei nem onde fica o gabinete do presidente”, declarou.

Otto afirma que, mesmo assim, para sua surpresa, nos últimos dias, articuladores do Palácio de Ondina têm assediado os deputados.

“O chefe de gabinete, Cícero Monteiro, está ligando para dizer que o candidato do governo é Marcelo Nilo. Não sei se a mando de Rui”, revelou. Recentemente, o senador descartou romper com o governo.

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