Publicado em 31/10/2016 às 08h00.

Para o governo, resultado sepulta discurso do golpe

Na opinião do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, as eleições municipais podem ser entendidas também como uma aprovação ao governo federal

Ana Lucia Andrade
Manifestação na Avenida Paulista, região central da capital, contra a corrupção e pela saída da presidenta Dilma Rousseff (Foto: Rovena Rosa/Agencia Brasil)
Manifestação na Avenida Paulista, região central da capital, contra a corrupção e pela saída da presidenta Dilma Rousseff (Foto: Rovena Rosa/Agencia Brasil)

 

O Palácio do Planalto avaliou que o resultado das eleições municipais legitima o governo do presidente Michel Temer. Para o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, a ampla vitória de partidos da base aliada dá fôlego às medidas da equipe econômica do governo e “sepulta” as contestações à gestão que assumiu após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Essa eleição sepulta qualquer tipo de contestação, seja sob o ponto de vista institucional, de legitimidade, ou de programa de governo”, afirmou Padilha ao Estado.

O ministro rebateu críticas da oposição de que o atual programa de Temer não foi aprovado pelos eleitores quando o então candidato a vice-presidente se elegeu, juntamente com Dilma. Na opinião de Padilha, as eleições municipais podem ser entendidas também como uma aprovação ao governo federal.

‘Onde mora o cidadão? É no município. A sociedade, ao votar maciçamente nos candidatos do governo, está mostrando que apoia as iniciativas que foram tomadas”, disse. “Essa é a manifestação do cidadão.”

Ele criticou os partidos de oposição e ressaltou que o PT perdeu espaço em prefeituras e câmaras municipais nesta eleição.

O ministro disse que o resultado demonstra que a população apoia a premissa básica do governo Temer, que segundo ele, é limitar as despesas e parar o endividamento. “Os brasileiros viram que o Brasil não tem uma outra alternativa”, afirmou.

O candidato vitorioso no Rio, Marcelo Crivella (PRB), deu declarações, após o resultado, no mesmo sentido. “Chega dessa agenda de ‘Fora, Temer’. Se o povo quisesse que o Rio de Janeiro se transformasse num bunker de luta ideológica e política, teria votado no outro candidato”, afirmou o prefeito eleito.

PEC – Uma preocupação do Planalto era que a votação e aprovação da PEC do Teto na Câmara dos Deputados, na reta final do segundo turno das eleições, tivesse impacto negativo nas campanhas dos candidatos governistas às prefeituras.

Segundo o ministro da Casa Civil, o apoio da população é essencial para o governo federal manter a base coesa na segunda fase da votação da PEC do Teto – em novembro, desta vez no Senado.

Já o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV-SP, faz leitura distinta à do Planalto. “O resultado não indica apoio popular ao governo Temer e tem muito mais a ver com uma rejeição ao PT do que uma aprovação ao PMDB. A maior parte das pessoas sequer sabe o que é a PEC 241”, disse.

Para ele, “o PMDB é um partido sem face clara, e o eleitor raramente identifica o candidato municipal ao seu partido”.

Isabela Bonfim e Elisa Clavery, especial para o Estado

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