Publicado em 22/10/2018 às 07h47.

Para presidente da CBL, falta de leitura favorece notícias falsas

“Quando você tem um pouco de conteúdo, proporcionado pela leitura, vê que aquilo não tem nenhum fundamento”, afirmou Luís Antonio Torelli, responsável pela 60ª edição do Prêmio Jabuti

Agência Brasil
Foto: Ascom/ Câmara Brasileira do Livro
Foto: Ascom/ Câmara Brasileira do Livro

 

Gilberto Costa

Na noite do próximo dia 8 de novembro, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, será realizada a 60ª edição do Prêmio Jabuti – considerado o principal reconhecimento e a mais tradicional honraria aos livros e aos escritores no Brasil.

A realização de um evento literário por seis décadas no país é um marco. De acordo com a pesquisa Retrato da Leitura, 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. O Banco Mundial estima, com base no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que os estudantes brasileiros podem demorar mais de dois séculos e meio para ter a mesma proficiência em leitura dos alunos dos países ricos. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mercado editorial encolheu 21% entre 2006 e 2017.

O primeiro Prêmio Jabuti, entregue em 1959, foi concedido para a obra “Gabriela Cravo e Canela”, do escritor Jorge Amado que, anos antes, na ditadura do Estado Novo (1937-1945), teve seus livros queimados em praça pública. A obra do escritor baiano foi o primeiro livro lido pelo menino Luís Antonio Torelli, hoje editor e presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), entidade responsável pelo Prêmio Jabuti.

Em entrevista à Agência Brasil, Torelli falou sobre a premiação, a importância da leitura para a sociedade e sugeriu a ampliação de iniciativas que tenham como foco as bibliotecas. “Num país com poucas livrarias e com pouco acesso ao livro, fica quase impossível ter um programa de formação de leitores se as pessoas não têm onde buscar o livro. As bibliotecas cumprem essa lacuna. Não é só construir. Precisa de um acervo que convide e que seja atraente”, afirmou.

O especialista destacou ainda a importância da leitura e do conhecimento para o combate à disseminação de notícias falsas (fake news). “As pessoas formam opinião sem checar o que recebem, a origem dos dados ou quem é que está publicando. Quando você tem um pouco de conteúdo, proporcionado pela leitura, vê que aquilo não tem nenhum fundamento.”

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