Publicado em 14/03/2016 às 12h53.

PF divulga depoimento de Lula; petista diz que será candidato em 2018

A afirmação está disponível na transcrição de mais de três horas da fala de Lula, acessada no sistema da Justiça Federal, nesta segunda-feira

Redação
Lula (Foto Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo)
Lula (Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo)

 

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que será candidato à Presidência da República em 2018 e que espera que alguém lhe peça desculpas após as investigações. A afirmação está disponível na transcrição de mais de três horas da fala de Lula, acessada no sistema da Justiça Federal, nesta segunda-feira (14).

O depoimento faz parte das investigações da 24ª fase da Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras, na qual a Polícia Federal investiga a relação do petista e seus familiares com empreiteiras envolvidas no escândalo. O Ministério Público Federal (MPF) e a PF dizem ter encontrado indícios de que Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, que pertence ao ex-presidente.

Lula diz em depoimento à Lava Jato Foto: Reprodução
Lula diz em depoimento à Lava Jato Foto: Reprodução

 

A defesa do ex-presidente pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), no mesmo dia em que Lula prestou depoimento, a suspensão de procedimentos relacionados às investigações dentro da Operação Lava Jato, mas a ministra Rosa Weber negou o pedido.

Os advogados alegaram que a condução coercitiva do ex-presidente foi “desnecessária”. “O suscitante [Lula] já prestou um depoimento à Polícia Federal quando notificado a fazê-lo em inquérito policial que corre em Brasília, deste ano, conforme documento anexo. Portanto, não há nenhuma base para presumir que, regularmente notificado, não iria repetir um ato de cuja realização não relutara”, diz o pedido de suspensão.

O Instituto Lula afirmou, em nota oficial, que a ação da Polícia Federal que realizou buscas na casa do petista e a condução coercitiva foi “arbitrária, ilegal e injustificável”.

No depoimento, o ex-presidente reafirmou que o apartamento tríplex no Guarujá não pertence a ele e disse que se sentiu desrespeitado, ao afirmar que o Ministério Público de São Paulo terá que comprovar que o imóvel é dele.

Trecho de depoimento. Foto: reprodução
Trecho de depoimento. Foto: reprodução

 

Ainda no depoimento, Lula afirmou que vai ser candidato à Presidência da República em 2018.

Foto: reprodução
Foto: reprodução

 

O ex-presidente afirmou também que não sabia que havia reforma no Sítio Santa Bárbara. A força-tarefa afirma que a OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai –  investigados pela Lava Jato – custearam obras de reforma e aquisição de móveis para o local.

Lula disse que o delegado da Polícia Federal deve perguntar aos donos do sítio se alguma construtora havia feito alguma obra na área. No depoimento, o agente questiona o ex-presidente sobre um cheque administrativo para pagamento do sítio. Lula diz que a pergunta deve ser feita ao advogado e não a ele, que se auto-intitulou como “analfa”.

Na transcrição, há um momento em que Lula é questionado sobre o suposto envolvimento de Bumlai na reforma do sítio e o ex-presidente acena com a cabeça. Bumlai foi preso em novembro de 2015, na 21ª fase da Lava Jato, e está detido em Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba. O pecuarista responde pelos crimes de corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.

No início do depoimento, a PF abordou as doações ao Instituto Lula. Segundo o ex-presidente, não havia contrapartida, mas não soube informar como funcionam as despesas.

Lula fala sobre doações envolvendo o Instituto. Foto: Reprodução
Lula fala sobre doações envolvendo o Instituto. Foto: Reprodução

 

O delegado da Polícia Federal perguntou a Lula se é comum as empresas oferecerem espontaneamente doações. Na resposta, o ex-presidente disse que não conhece ninguém que ofereça dinheiro espontaneamente e argumentou que nem o dízimo da igreja é espontâneo, ao acrescentar que somente no Brasil o fato de uma fundação receber dinheiro é visto como algo anormal.

Trecho que Lula fala sobre as doações ao Instituto. Foto: reprodução
Trecho que Lula fala sobre as doações ao Instituto. Foto: reprodução

 

Em seguida, o delegado perguntou se existe a possibilidade de que Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula, ou Clara Ant, diretora, tenham pedido doações a qualquer empresa, entre elas a Camargo Corrêa. O ex-presidente respondeu que “é possível” e disse que o mesmo se aplica à OAS, Odebrecht, UTC e Queiroz Galvão. O delegado citou algumas empresas que tiveram relação com o Instituto Lula ou com a Lils. O ex-presidente afirmou não conhecê-las.

Ainda sobre o tema das empresas com contratos com o Instituto Lula e com a Lils, o delegado menciona a empresa G4 Entretenimento e Tecnologia, que pertence ao filho do ex-presidente. Segundo as investigações, o Instituto Lula repassou R$ 1 milhão para a empresa. Segundo depoimento do ex-presidente, a empresa prestou um serviço e recebeu por ele corretamente. O contrato, segundo ele, foi devidamente declarado à Receita Federal. Lula diz que o trabalho realizado pela empresa deve ter sido para a criação do Memorial da Democracia e de Políticas Públicas, que segundo o ex-presidente, são programas digitais para difundir o que aconteceu no Brasil.

Trecho do depoimento. Foto: reprodução
Trecho do depoimento. Foto: reprodução

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.