Publicado em 17/07/2016 às 10h00.

Pinheiro reclamava de problema na telefonia a ‘chefe’ da Oi

Escutas interceptadas na Operação Lava Jato mostram que tormento do ex-petista começou em março de 2014. Em mensagem, ele esperneia: 48 horas sem telefone

Redação

(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado) — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Os problemas do cotidiano da população brasileira quase sempre têm a ver com operadoras de telefonia. Isso também acontece com políticos.

Em conversas telefônicas interceptadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, mostram a reclamação do então senador baiano Walter Pinheiro ao executivo Otávio Marques de Azevedo, que era presidente da holding da Andrade Gutierrez, uma das controladoras da Oi até 2014, hoje preso na operação e delator.

“Onde estão os megabytes prometidos? Reclamar de quem, a quem e pra quem???? Como sofre o usuário comum!”, diz uma mensagem de Pinheiro, hoje titular da Secretaria da Educação da Bahia.
O tormento do ex-petista começou em março de 2014. Em mensagem, ele diz que estava sem telefone havia 48 horas.

“Os ‘técnicos’ da Oi tentam me enrolar com conversa do tipo ‘tire a bateria’, ‘tire o cartão’, configuração, ‘procure operadora’ e mais e mais coisas absurdas”, afirmou, segundo um trecho do relatório.
Duas semanas depois, o senador voltou a reclamar e “ameaçou” mudar de operadora e criticar a Oi em mensagens para todos os seus conhecidos, incluindo “membros do conselho da Anatel” (Agência Nacional de Telecomunicações). “Se com um senador, oriundo da Oi, é assim, imagine o pobre cliente.”

O empreiteiro pediu uma chance para “virar o quadro” e disse que era brasileiro e não desistia nunca. “Aceite conversar para tentarmos curar estes problemas.”

Ao jornal Folha de S. Paulo, Pinheiro disse que pressionava por melhorias na empresa porque já tinha sido funcionário dela, após a privatização das companhias telefônicas. “Eu dei uma esculhambada dizendo que, se todo brasileiro tivesse o telefone do presidente da Oi, estaria resolvido o problema”, disse.