Publicado em 05/11/2015 às 06h00.

Presidente do Conselho de Ética derrotou Cunha duas vezes

José Carlos Araújo disse que presidente da Câmara pode esperar dele "justiça e seriedade"

Elieser Cesar

Presidente do Conselho de Ética da Câmara, que, na terça-feira, instaurou processo para investigar a possível quebra de decoro parlamentar do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspeito de manter contas bancárias secretas na Suíça, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) já derrotou seu colega fluminense duas vezes. A primeira quando foi eleito para o cargo derrotando o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), o candidato de Cunha. A segunda depois que o mesmo Faria de Sá se candidatou a vice-presidente do mesmo colegiado e foi derrotado pelo candidato indicado por Araújo.

Ao Bahia.Ba, Araújo disse que Eduardo Cunha pode esperar dele “justiça e seriedade na apuração dos fatos, durante a condução do processo de investigação. Sobre as chances do presidente da Câmara de escapar do processo de cassação do mandato, o parlamentar baiano afirmou que, como presidente a Comissão de Ética, não lhe cabe fazer juízo de valor, mas apenas conduzir o processo com isenção e imparcialidade. José Carlos Araújo garantiu que mesmo na presidência da Câmara, Eduardo Cunha não tem condições de atrasar o andamento das investigações. “Não vejo como ele poderia procrastinar os trabalhos de apuração, até porque assim ele iria se expor”,observou o deputado.

De qualquer modo, Eduardo Cunha sempre procurou indicar os membros das comissões mais importantes da Câmara, inclusive os da Comissão de Ética. José Carlos Araújo, contudo, conseguiu estabelecer um mandato para os 21 integrantes do Conselho de Ética,. Com isso, o presidente da Casa ficou impedido de trocar os deputados por nomes de sua confiança.

Com a instauração do processo investigatório, José Carlos Araújo escolherá o relator do caso dentre os três nomes sorteados nesta terça-feira, os deputados José Geraldo (PT-PA), Vinicius Gurgel (PR-AP) e Fausto Pinato (PRP-SP). Uma vez escolhido, o relator terá um prazo de dez dias para apresentar um relatório preliminar. O processo não deverá ser concluído antes de 2016, apesar da disposição inicial do presidente do Conselho de Ética de concluí-lo até o final de dezembro, pois o prazo regimental é de 90 dias.

Araújo explicou que após o parecer preliminar, caso decida pela continuidade da tramitação do processo, o relator convocará acusado para a defesa e ouvirá as testemunhas. Eduardo Cunha poderá indicar até oito testemunhas de defesa. Ao final das apurações, o processo poderá resultar em absolvição, censura verbal ou escrita, suspensão ou cassação do mandato. A representação contra Cunha no Conselho de Ética da Câmara foi aberta a pedido do PSOL e a Rede e assinada por 47 deputados de diversos partidos.

O jornalista Jairo Costa Júnior, do jornal Correio de Salvador, informou na coluna Satélite, do jornal Correio, que a preferência de José Carlos Araújo para a relatoria do processo contra Eduardo Cunha seria pelo paulista Fausto Pinato, justamente o nome preferido pelo réu do processo na Comissão de Ética. Pinato é evangélico, como Cunha e parece não ser lá um exemplo de conduta ética, por suas ligações com os donos da Telexfree, a empresa responsável pela pirâmide financeira que lesou milhares de pessoas.

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