Publicado em 22/03/2019 às 11h46.

Prisão de Temer não surpreende. Se já não tivesse ido, Geddel também iria

Deus e o mundo sabiam que a prisão de Temer era mera questão de tempo

Levi Vasconcelos
Foto: Reprodução / Globo News
Foto: Reprodução / Globo News

 

Foi se dizendo inocente e que confiava na justiça, um refrão batido e repicado por todos os políticos presos na Lava Jato, que Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, adentrou a cadeia pela primeira vez. Até que de repente mudou de estratégia e confessou ter recebido propina:

— Gente, eu tô muito aliviado, sabia? E quero continuar ficando aliviado, seja o tempo que eu passar na cadeia.

Michel Temer ontem ao ser preso estrilhou:

— É uma barbaridade…

Ora bolas. Deus e o mundo sabiam que a prisão de Temer era mera questão de tempo. Lula abriu caminho. Simplesmente seria difícil segurá-lo.

Espalhafato

Uma ressalva: precisava a polícia abordar Temer no meio da rua, com a polícia cercando o carro como se fosse um perigoso bandido? Isso contribuiu, no mínimo, para carimbar a vocação para o espalhafato que a PF tem. Com Lula, polícia e Justiça foram mais cerimoniosos. Será por que ele tinha povo e Temer não?

Mas no mais, na série de escândalos que marcou o seu governo, Temer só se segurou enquanto estava no poder, quando manobrou o Congresso, onde imperou por quase 30 anos, e conseguiu governar até o fim. Mas motivo da prisão agora, a corrupção em Angra 2, é apenas a ponta do novelo. Ele tem outros nove inquéritos, inclusive o de Joesley Batista, da JBS, letal para a moral da presidência dele.

Um conhecido político baiano ontem disse que, aqui na província, o impacto que tinha que dar, já deu. O esquema de Geddel, com o cabeça preso sem se saber quando sai, que integrava o grupo de Temer, com Moreira Franco, Romero Jucá e cia, acabou de acabar. Ou melhor, se Geddel não tivesse precipitado a própria prisão, aconteceria agora. Há muito MPF e PF já estavam de olho no grupo, agora chamado de ‘organização criminosa’.

Aliás, se diz intramuros que Geddel nunca cogitou delação premiada porque os amigos, liderados por Temer, estavam no poder. Se falasse, implodiria o barco. A questão agora: e Cabral fará escola?

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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