Publicado em 15/05/2019 às 08h23.

Propina de R$ 4 mi a Funaro destravou operação na Caixa, diz dono da Gol

Conforme o Ministério Público Federal, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima participaram ativamente da liberação dos recursos

Redação

henrique constantino youtube

 

Um dos donos da companhia aérea Gol, o empresário Henrique Constantino afirmou, em sua delação premiada, que pagou uma propina de R$ 4 milhões a Lúcio Funaro, operador do MDB, para conseguir “destravar” o processo de um financiamento de R$ 300 milhões de um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal, o FI-FGTS, informa a Folha.

Conforme o Ministério Público Federal, documentos, mensagens e as delações de Funaro e outros envolvidos revelaram que o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos do MDB, participaram ativamente da liberação dos recursos.

Constantino também presidia o Conselho de Administração da Comporte Participações, controladora de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) chamada Via Rondon, vencedora do leilão de concessão do trecho oeste da rodovia Marechal Rondon, em São Paulo, em 2008.

A Via Rondon “fez um empréstimo-ponte junto ao banco Votorantim e depois buscou recursos de longo prazo para as obras necessárias”, relatou o empresário, que resolveu buscar os R$ 300 milhões no FI-FGTS por meio da aquisição de debêntures emitidas pela SPE.

Em 2010, a proposta foi feita, por meio da Caixa de Sorocaba (SP). “Após o processo estar pronto”, porém, “a tramitação parou, ficou sem qualquer retorno sobre a demanda”, disse Constantino.

No final de 2011, o sócio da Gol foi procurado por telefone pelo empresário João Jorge Chamlian, dono de uma revendedora de carros de luxo e blindados, que teria lhe prometido apresentar alguém capaz de “destravar’ seu processo”: Funaro.

De acordo com Constantino, Chamlian não pediu nada em troca desta informação. O delator disse não saber se Chamlian “teve algum ganho com esta intermediação”.

Após um pedido inicial de R$ 8 milhões, o dono da Gol só aceitou pagar R$ 4 milhões de propina, por meio de notas fiscais fajutas, sem o serviço correspondente, a serem emitidas por duas empresas que Funaro indicaria, a Viscaya e a Dallas.

Constantino faria os pagamentos a partir da Comporte. Depois disso, a tramitação do processo na Caixa teria ganhado celeridade e, em março de 2012, Constantino recebeu a carta de aprovação da operação.

O empresário contou que o pagamento da propina foi parcelado e acertado “via mensagens eletrônicas, e-mail e aplicativos de telefone celular”.

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