PT rebate delegado da PF por declarações sobre Lula: ‘Abuso de autoridade’
"O delegado revela que sofreu e aceitou pressões de Sérgio Moro", diz o partido em nota assinada por sua presidente, senadora Gleisi Hofmann
Em nota assinada por sua presidente, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o Partido dos Trabalhadores rebateu neste domingo (12) as declarações do delegado da Polícia Federal (PF) Rogério Galloro, que em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo relatou a operação da prisão do ex-presidente Lula no dia 17 de abril último.
Galloro afirmou que 30 policiais estavam prontos para invadir o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC caso Lula não se entregasse, e disse que Lula está “de favor” na sede da PF em Curitiba.
Além de Gleisi, assinam a nota os líderes do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), e no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ). Para eles, o delegado demonstra “abuso de autoridade” e “violência jurídica”.
Segue a íntegra da carta abaixo:
Agentes de estado confessam abuso de poder contra Lula
A entrevista do diretor-geral da PF, Rogério Galloro, ao Estado de S. Paulo expõe as entranhas do abuso de autoridade, da violência jurídica, da desfaçatez de quem tem de observar leis e regras e age por conveniência política. É um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos.
O delegado revela que sofreu e aceitou pressões de Sérgio Moro, um alerta da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e uma ordem verbal do presidente do TRF-4, Thompson Flores, para desobedecer a decisão judicial de soltar Lula naquele domingo, 8 de julho.
Soma-se a esse festival de parcialidade, ilegalidade e perseguição uma nota na revista Veja que narra confissão do desembargador Gebran Neto a amigos, dizendo ter agido “fora da lei” para “evitar o mal maior que seria soltar Lula”.
A ilegalidade da prisão de Lula e da revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo já haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. Mas é ainda mais escandalosa a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram.
E não é menos escandaloso que a imprensa revele tudo isso sem acrescentar uma nota de crítica, como se fossem fatos naturais, endossando na prática a brutal perseguição ao maior líder político do país.
Foi a essa situação de barbárie que o Brasil foi levado pelo golpe do impeachment sem crime e pelo empoderamento irresponsável de delegados, procuradores e juízes fora da lei. Tudo feito com o objetivo de derrubar o governo eleito democraticamente e de tentar impedir, pela força e por medidas de exceção, a eleição de Lula em 7 de outubro.
O Partido dos Trabalhadores, em sintonia com a sociedade civil e as forças democráticas do País, exige que o Conselho Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e o Senado da República, responsável pela aprovação de Dodge no cargo, se pronunciem vigorosamente sobre as violações cometidas – e confessadas publicamente – por agentes do estado que deveriam defender a lei e fizeram o oposto.
O Brasil não pode mais conviver com a exceção, a ilegalidade e a injustiça. Não vamos aceitar passivamente a perseguição política e injusta ao presidente Lula, que envergonha o país aos olhos da comunidade internacional. Vamos exigir de todas as formas que seja respeitado o direito do povo votar em quem melhor o representa.
Lula Livre! Lula presidente pela vontade do Povo!
Gleisi Hoffmann – Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores
Lindbergh Farias – Líder do PT no Senado
Paulo Pimenta – Líder do PT na Câmara
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