Publicado em 16/11/2015 às 11h12.

Sem o BRT, Salvador prorroga o seu sofrer

Levi Vasconcelos

Gilberto Kassab, o ministro das Cidades, esteve em Salvador semana passada e mais uma vez prometeu o BRT de ACM Neto. Para quando?

– O mais rápido possível.

Em suma, falou e não disse. O próprio ACM Neto diz que não mais acredita na liberação, pelo menos na atual gestão. Ele, que no início do ano chegou a induzir deputados aliados como José Carlos Aleluia e Paulo Azi a votarem no ajuste fiscal do governo com a promessa de que o BRT sairia, se sente traído.

Não só ele, mas também o povo de Salvador. Afinal, Dilma ganhou a eleição na capital baiana, E mais que nunca, a cidade carece de opções de transporte de massa.

Salvador é uma península, nunca teve metrô. Há mais de 50 anos pena com o buzu, o modelo único de transporte coletivo. Ter um carro próprio virou um sonho mais que legítimo.

Resultado, a cidade, literalmente entupiu. Nos últimos 10 anos, a frota pulou de 460 mil veículos (entre automóveis e utilitários) para 815.104 ano passado. O inchaço criou outra situação perversa: não anda buzu e nem o carro.

O metrô que a CCR toca é muito bem vindo. Já vem com largo atraso. Antes tocado pela Prefeitura de Salvador, do início da construção, em 2000, até agora, só serviu para vitaminar a suspeita de muita corrupção. Iria custar R$ 400 milhões, já está em R$ 1,3 bi.

Ainda que a conclusão da linha 1, da Lapa até Pirajá, mais o segundo tramo, da Rótula do Abacaxi até Lauro de Freitas seja muito interessante para uma cidade que nada tem além do buzu, é pouco.

A parte oceânica da cidade fica a descoberta. O BRT de Neto supriria parte dessa carência, pegando um trecho da banda oceânica.

Rui Costa até sugeriu a Neto que adote uma PPP. Foi assim que ele botou o metrô para andar.

Seja lá como for, Salvador ainda vai sofrer muito até que as coisas se ajustem.