Senador acusa governos de fecharem os olhos para o Velho Chico

Frase da vez

“Faço aqui um apelo/ Prá quem desmata o meu leito/ Eu peço por caridade/ Um pouco mais de respeito/ E se tu queres viver/ Eu tenho o mesmo direito.”
Raimundo Nascimento, ribeirinho do Velho Chico, na poesia “O desabafo do Rio São Francisco”

Diz o senador Otto Alencar que os governos Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma simplesmente fecharam os olhos para a morte lenta e gradual do Rio São Francisco.

De Juazeiro até o mar, todos os afluentes morreram. E a dupla Lula-Dilma solta foguetes para a transposição do rio, o que Otto não perdoa:

— É um anêmico doando sangue.

Nos dias atuais, a vazão caiu de 700 para 600 metros cúbicos por segundo, com o detalhe: a chuva que tanto castiga Pernambuco e Alagoas é no litoral. Não diz nada para a parte que interessa no abastecimento do rio. O que se coloca:

1 — Quando anunciaram a transposição prometeram também a revitalização. A transposição aconteceu, a revitalização não;
2 — Ou os nordestinos soltam o grito ou tudo fica sempre pior, com o Velho Chico quase de data marcada para morrer, 10 anos.

Fábio Souto (DEM), presidente da Comissão de Meio Ambiente, sintetiza o pensamento que vigora sem contestação.

— Entendemos que a causa é de relevante interesse dos baianos, está acima dos partidos, é suprapartidária, é assim e ponto.

Um projeto com ações múltiplas: recuperar afluentes, dragar as calhas e principalmente reconstituir matas. Isso custa R$ 800 milhões por ano durante 10 anos. Falta o governo abrir o cofre.

Os deputados baianos estão concitando os nordestinos, os cinco estados diretamente banhados pelo rio (Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas) mais os beneficiários da transposição para gritar juntos. Como lembra o deputado Eduardo Salles (PP), presidente da Comissão de Agricultura:

— Vamos dizer aos beneficiários da transposição que ou eles ajudam a salvar o rio ou todos morreremos de sede.

Na TV Assembleia

A TV Assembleia grava hoje o primeiro programa da série Comissões em Debate, com a jornalista Fernanda Dourado. Tema: os problemas (leia-se agonia) do Velho Chico, com vários deputados.