Publicado em 30/05/2017 às 07h38.

‘Tem que tirar esse cara’, disseram Aécio e Joesley sobre chefe da PF

Senador afastado disse ao empresário que o governo deveria aproveitar a crise gerada pela Operação Carne Fraca para a troca do diretor-geral do órgão

Redação
Foto: Lula Marques/PT
Foto: Lula Marques/PT

 

O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) confessou ao empresário Joesley Batista ter pressionado o presidente Michel Temer (PMDB), com outros empresários, para que fossem feitas mudanças na Polícia Federal.

A conversa foi gravada pelo próprio Joesley no Hotel Unique, em São Paulo, no dia 24 de março, e anexada ao acordo de delação que o grupo J&F fechou com a Procuradoria Geral da República (PGR), de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

Aécio disse a Joesley que o governo deveria aproveitar a crise gerada pela Operação Carne Fraca para trocar o diretor-geral do órgão, Leandro Daiello, e o empresário ponderou que seria “uma boa chance”. “Não vai ter outra. Porque nós nunca tivemos uma chance onde a PF ficou por baixo, né?”, disse o empresário. Aécio concordou: “Aí vai ter quem vai falar, ‘é por causa da Lava Jato’. [O governo pode responder] ‘Não, é por causa da Carne Fraca'”. “Tem que tirar esse cara”, disse Joesley. Aécio repetiu: “Tem que tirar esse cara”.

Na conversa, Daiello não foi citado diretamente, mas sim de forma cifrada. Em um ponto do diálogo, Aécio afirma que era uma boa hora para o governo fazer um “mea culpa” e “o cara da Polícia Federal chegar e cair”.

Na passagem entre os governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), no ano passado, circularam rumores de que Daiello estava disposto a deixar a direção-geral da PF. Ele ocupa o cargo desde 2011.

Aécio contou a Joesley que outros empresários estavam “pressionando” Michel Temer a tomar medidas contra a PF. Ele disse que participou de um jantar com Temer, o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e uma pessoa citada apenas como Pedro.

“Pressionaram. A polícia tem que fazer um gesto. Errou. Não adianta os caras ficarem falando que não, a Polícia Federal tem que falar: ‘Ó, realmente foi um erro do delegado que, enfim, não dimensionou a porra. Era um negócio pontual. Em três lugares. Já está contido e tal’. O laudo, pãpãpã, e zarpar com esse cara”, disse o senador.

Aécio admitiu ainda pressionar Temer para que ele apoiasse o projeto que trata do “abuso de autoridade”.

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