Publicado em 11/07/2017 às 10h23.

Temer está caindo aos poucos, em conta gotas, tijolo a tijolo

Segundo o senador Otto Alencar (PSD), presidente cometeu um erro capital, ao levar a corriola para o Planalto

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“São circunstâncias muito complexas as que marcam ou decidem o destino dos homens…”
José Saramago, escritor português (1922-2010)

Foto: Lula Marques/PT
Foto: Lula Marques/PT

 

Michel Temer resiste fortemente, e nisso tem sido competente, com o uso eficaz da máquina, ainda que para o mal.

Se não fôssemos nós as vítimas, daria até pena. Não tem popularidade, não tem voto, mas tem um trânsito fácil no Congresso, que lhe assegura o apoio agora ruindo aos poucos, tijolo a tijolo.

O DEM de ACM Neto cruzou os braços. Não diz, mas é diretamente interessado, já que o sucessor de Temer é Rodrigo Maia, o presidente da Câmara.

E os tucanos travam intensa luta interna entre o fica, o aguarde mais um pouquinho e o cai fora. Temer desmorona no único sustentáculo que tem.

Otto Alencar: ‘É gravíssimo’

Ao avaliar o cenário político nacional, o senador Otto Alencar (PSD) disse que Michel Temer está naquela situação de paciente em estado gravíssimo em que o médico já esgotou todos os conhecimentos e esforços e diz: “O quadro é muito sombrio”.

Segundo Otto, Temer cometeu um erro capital. Iniciou o governo dizendo que ia fazer um ministério de notáveis e levou para o Planalto a corriola, toda comprometida:

— Imagine você que se Temer fosse fazer hoje uma reunião entre os seus ministros e auxiliares de início de governo, em grande parte, quem não estivesse algemado, preso, estaria com tornozeleira eletrônica.

Ele diz que esse tipo de cenário produz danos de todos os tipos, na economia e na sociedade em geral, tudo motivado por falhas administrativas que resultam de falhas morais:

— Um presidente da República deve ser um exemplo para o país. Mas tem sido o inverso. Ele tem inspirado o lado ruim, estimulando do batedor de carteira ao colarinho branco. O cidadão vê o cenário: ‘Se ele que é a autoridade maior faz, por que não eu?’.

Três crises

Otto diz lamentar que em 28 anos de retomada da democracia já é o terceiro presidente comprometido com questões jurídicas: primeiro foi Collor, depois Dilma e agora Temer:
— Sem contar os escândalos do tempo de Fernando Henrique e o mensalão com Lula.

Partidos, o problema

Otto também vê muitos problemas para o próximo presidente, seja ele quem for, se não houver uma reforma política, com o fim das coligações:

— Com 28 partidos tendo representantes na Câmara forma-se uma geleia, não há encaminhamento possível. O presidente fica refém de frentes parlamentares.

E tudo indica que não teremos reforma.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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