Publicado em 31/07/2017 às 08h43.

Vaquejadas, a polêmica que não acaba, em novo capítulo

Se Janot investigasse a trajetória da carne dos açougues, como faz nos processos criminais, veria que o ponto de partida é sempre um ato violento contra a vida

Levi Vasconcelos
Vaquejada (Foto: Blog Dinomar Miranda)
Vaquejada (Foto: Blog Dinomar Miranda)

 

Embora a PEC que considera as vaquejadas patrimônio imaterial do Brasil esteja valendo, a polêmica não acabou.

Semana que vem, o deputado Eduardo Salles (PP) vai reunir na Assembleia vaqueiros de toda a Bahia para discutir as formas de encaminhamento da luta contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que o procurador da República, Rodrigo Janot, moveu contra as leis de Bahia, Pernambuco e Ceará que regulamentam a prática.

Eduardo é o autor da lei baiana:

– A lei é das mais racionais que temos, com o pleno respeito aos animais.

A iniciativa de Janot carimba o discurso dos contra. Eles dizem que tradições como brigas de galo, guerra de espadas e vaquejadas são primitivas, porque maltratam animais e gente, derramam sangue.

Ok. Mas também é primitivo matar animais para comer. E Janot é um mineiro com pinta de gaúcho que também degusta churrasco.

Se ele investigasse a trajetória da carne dos açougues, como faz nos processos criminais, veria que o ponto de partida é sempre um ato violento contra a vida.

E matar o boi para comer não é violência?

Carne fraca

A Operação Carne Fraca deflagrada pela PF causou um estrondo na economia. O que quer dizer, no conjunto da sociedade mundial, comer carne é tão primitivo quanto intensivo.

Se assim o é, no caso das vaquejadas seria mais humano estabelecer uma lei dizendo que os bois e vacas de vaquejadas ganhariam o direito de não ser comido, morrer de velho.

Aí sim, seria um avanço plausível.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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