Publicado em 25/12/2015 às 06h00.

2016: Sheik Abdul diz que perdão e bondade independem da religião

O ano novo do Islã começou em 14 de outubro de 2015 e sua passagem, seja na religião ou no calendário civil, serve para renovar as esperanças e a bondade humana

Juliana Dias

Para o Islã, o ano novo entrou há três meses. Segundo o calendário muçulmano, que se baseia no ciclo lunar, o dia “31 de dezembro” (data que se celebra um novo ano civil pelo calendário gregoriano) foi no dia 14 de outubro ainda deste ano. Ainda assim, independentemente das datas das distintas folhinhas, a religião articulada pelo Alcorão e que chegou na capital baiana trazida pelos povos africanos, encara a passagem do ano civil como um momento de renovação das esperanças, bondade humana e do perdão, isento da crença religiosa.

“Embora o Brasil não seja um país muçulmano, ele apoia todas as religiões e a mensagem de paz e harmonia que o Islã prega, seja no nosso ano novo, que é conhecido como Muharram, seja no ano novo civil, que continua sendo a mesma. A mensagem pela paz e pelo perdão do Islã não muda, independentemente da crença ou religião de cada um”, comenta o Sheik Abdul Hameed Ahmad, representante do islamismo na Bahia.

Para o nigeriano e líder religioso, baseada na mensagem “cada um faz a sua parte para melhorar a vida dos seres humanos”, a comunidade islâmica na Bahia parte da premissa de que não é necessário religião para seguir esse caminho e, por isso, neste 31 de dezembro de 2015, o Islã continua pregando entre muçulmanos e não muçulmanos o respeito e reflexão em torno da bondade e do perdão.

Vida – Segundo o Sheik Abdul, o Islã é uma das religiões que mais cresce no mundo e, em paralelo a este crescimento, é também uma das religiões que estão mais associadas ao terrorismo no ocidente. “Quem tem fé, não rouba e não mata. O terrorista não tem religião. No Alcorão (livro sagrado da religião) está dizendo que qualquer ser humano que faz ou participe de algo que atente contra a vida de outros humanos não é do Islã”. O líder explica que não se trata nem de um movimento radical dentro do Islã, mas sim de uma apropriação indevida da religião para fazer o mal. “O radicalismo vem do ser humano e não da religião”, conclui.

Em se tratando de violência, o Islã prega o perdão, por mais que a religião não condene a pena de morte. “O Islã edifica o perdão e prega também a justiça. A paz e a justiça andam juntas”, comenta o líder. Em se tratando do Brasil, país que não é muçulmano e, portanto, não aplica a pena de morte para delitos, o Sheik Abdul condena a impunidade que contribui para o crescimento da criminalidade e reforça que o país contribui para a pena de morte ainda que não de forma legalizada. “O Brasil está em guerra. Ocorrem mais assassinatos aqui do que nos países que estão oficialmente em guerra. Tudo isso ocorre porque a lei brasileira só funciona no papel, não na prática. A própria pena de morte não daria certo no país, já que a lei não funciona, embora as pessoas sejam mortas diariamente”, diz.

O líder religioso reconhece que a justiça do ser humano tem falhas e que, geralmente, ela não chega até às famílias das vítimas principalmente se elas são de origem pobre. No entanto, ele diz que não se pode colocar a justiça nas próprias mãos e sim cultivar o perdão.

 

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