Publicado em 20/11/2015 às 18h00.

Marcha da Consciência Negra pede combate ao racismo institucional

Manifestantes saíram do Campo Grande com destino à praça Municipal e pedem mais igualdade no mercado de trabalho

Hieros Vasconcelos
Participantes da Marcha defendem igualdade/Foto: Hieros Vasconcelos
Participantes da Marcha defendem igualdade/Foto: Hieros Vasconcelos

 

Acontece na tarde desta sexta-feira (20) a 36º Marcha da Consciência Negra Zumbi dos Palmares, realizada pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen). Cerca de 300manifestantes saíram da praça do Campo Grande e se dirigem para a praça Municipal, onde também é aguardada a chegada daqueles que estão na 15ª edição da Caminhada da Liberdade, promovida pelo Fórum de Entidades Negras da Bahia.

Com faixas e cartazes, os manifestantes pedem o empoderamento do povo negro nas instituições públicas e igualdade de oportunidades e salariais no mercado de trabalho.  Estudo recente da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulgada no dia 17 deste mês, com recorte de 2014, apontou que em Salvador o rendimento médio da mulher negra foi de R$ 1.705, o equivalente a 53,6% do salário de um homem não negro, que teve a maior média mensal, de R$ 2.223.  “Ainda temos um mercado de trabalho racista e sexista, por isso o grupo composto por mulheres negras é o mais penalizado, com rendimentos mais baixos, postos de trabalho precários e instáveis”, afirma o analista de pesquisas sociais da PED-RMS, Luiz Chateaubriand.

Presentes no evento, diversas empregadas domésticas reivindicam melhorias salariais e mais respeito no ambiente de trabalho. “Sou negra, doméstica, e mereço ser respeitada dentro do meu ambiente de trabalho e fora dele. Não me sinto menor do que ninguém por causa da minha profissão”, declarou Rita de Cássia dos Santos, 55.

Empregadas domésticas estão representadas na Marcha
Empregadas domésticas estão representadas na Marcha

A secretária de Promoção da Igualdade Racial do Estado, Vera Lúcia, de cima do trio elétrico da Conen, alertou para a necessidade de se ampliar cada vez mais o debate em torno do assunto. “Essa é uma luta de todos nós, negros e negras da Bahia e do Brasil. Precisamos vencer o racismo institucional”, destaca.  Numa das faixas, a Conen ressaltou uma de suas causas da luta: “Enfrentamos a ditadura militar, e somos contra as tentativas de golpe neste país. Contra o extermínio da juventude negra”.

ONU – Relatório lançado pela ONU em dezembro do ano passado informou que o Brasil é caracterizado por um “racismo institucional, em que hierarquias raciais são culturalmente aceitas.

Conforme o documento, os afrodescendentes tem baixa participação na economia nacional, com apenas 20% do PIB, apesar de serem a maioria da população brasileira.  Ainda conforme o relatório, o  desemprego é 50% maior entre os “afro-brasileiros”.

 

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