Publicado em 14/12/2017 às 10h35.

‘Não sou uma instituição pública’, desabafa Mãe Stella em carta

Em carta enviada ao Ministério Público, a ialorixá, afastada do Afonjá, reivindica respeito por seus cabelos brancos e pela hierarquia

Redação
Foto: Antonelo Veneri / Divulgação
Foto: Antonelo Veneri / Divulgação

 

Envolvida em polêmicas públicas que a levaram a se afastar do Ilê Axé Opô Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi publicou uma carta em que defende sua vida pessoal e reafirma sua lucidez.

No mesmo texto, a ialorixá fala sobre as limitações impostas pela idade e menciona o papel de Graziela Domini, sua companheira e pivô do imbróglio, em relação a ela: “Como sempre disse que sou pelo bem e pela verdade, informo que este texto foi narrado por mim e escrito por Graziela Domini Peixoto, que só aceitou expor seu nome por, mais uma vez, obediência a mim. Afinal, o discípulo tem por obrigação obedecer ao mestre”.

“Eu respeito, compreendo e rezo pelas pessoas que ainda não conseguem respeitar as VONTADES dos outros. Não sou uma instituição pública. Em minha certidão de nascimento e em minha identidade consta Maria Stella de Azevedo Santos, não Mãe Stella de Oxóssi. O papa Bento XVI entregou, corretamente, seu cargo quando percebeu as suas condições físicas; eu, ainda, não estou entregando meu posto, estou me afastando pelo fato de minha voz não ser mais ouvida por aqueles que durante anos pregaram a hierarquia. Confio na Promotoria Pública; no Ministério da Justiça; no Ministério de Direitos Humanos… Confio na justiça de Xangô”, diz um trecho da publicação.

Leia a carta na íntegra:

“Respeitem quem pode chegar aonde cheguei

Se considerarem esse título muito prepotente, peço, humildemente, respeitem os meus cabelos brancos que correspondem a 92 anos de existência e pelo menos 84 servindo à humanidade. Estou viva e muito viva! A baixíssima visão e, é claro, os 92 anos, me impedem de realizar algumas tarefas, inclusive a de manejar o conhecido Jogo de Búzios.

Estou viva, muito viva e lúcida! Claro, com as complicações dos 92 anos de idade e quatro internações hospitalares decorrentes de problemas cerebrais, sempre complicados pela pressão que venho sofrendo por parte de membros do Terreiro e de alguns familiares, que nada sabem sobre mim. Ainda estou lúcida, o que faz com que eu tenha consciência da diminuição da lucidez com o avançar da idade, o que é natural, pois sou HUMANA. Respeitem-me e não importunem a justiça dos homens, muita respeitada por mim, com a justificativa de que estão me defendendo.

Eu respeito, compreendo e rezo pelas pessoas que ainda não conseguem respeitar as VONTADES dos outros. Não sou uma instituição pública. Em minha certidão de nascimento e em minha identidade consta Maria Stella de Azevedo Santos, não Mãe Stella de Oxóssi. O papa Bento XVI entregou, corretamente, seu cargo quando percebeu as suas condições físicas; eu, ainda, não estou entregando meu posto, estou me afastando pelo fato de minha voz não ser mais ouvida por aqueles que durante anos pregaram a hierarquia. Confio na Promotoria Pública; no Ministério da Justiça; no Ministério de Direitos Humanos… Confio na justiça de Xangô.

Sou uma pessoa conhecida por ser discreta: tenho a essência divina de caçador. Não se aproveitem da suposta fragilidade dos meus 92 anos para gerar polêmicas com o meu nome. Afinal, um provérbio yorubá diz: “O velho mesmo curvado se mantém de pé”. Venho a público alertar à população que continuarei presente na vida de vocês, mesmo quando virar estrela (sou Stella) através de meus textos, livros e depoimentos que serão colocados no meu canal no youtube. Não sou boneco, não sou marionete, não sou manipulável. Sou Maria Stella de Azevedo Santos: um ser humano, que merece respeito.

Como sempre disse que sou pelo bem e pela verdade, informo que este texto foi narrado por mim e escrito por Graziela Domini Peixoto, que só aceitou expor seu nome por, mais uma vez, obediência a mim. Afinal, o discípulo tem por obrigação obedecer ao mestre. Reafirmo que este texto foi narrado por mim. Ele está com minha digital, com assinatura de três testemunhas, e foi entregue ao Ministério Público e à Delegacia dos Idosos. Além desse, tem o depoimento dado à Delegacia dos Idosos onde consta o endereço em que estou vivendo. Além disso, cito meus familiares com os quais estou mantendo contato e que sabem onde estou: minha irmã Milta; meus sobrinhos Tãnia, Junior, Osvaldinho. Aos outros parentes não desejo informar minha vida, para que eles não exponham minha vida mais do que já a expuseram.

À população que me ama de verdade, respondo a notícia À procura de Mãe Stella: Estou na Cidade Nazaré-Bahia; Bairro Batatã; Rua Ferreira Martins, nº 35.

Maria Stella de Azevedo Santos.”

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